terça-feira, 30 de dezembro de 2008

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ainda não conheci o JeeF pessoalmente.
Sei apenas que é amigo do Bruno
(que também não conheço pessoalmente)
JeeF me contou via orkut que, adora as palavras:

arco-íris, possibilidade, assunto, aquarela e está amando de novo...
Gosta de cantar para as flores,
de imaginar nuvens escrevendo cartas de amor,
de falar bom dia para os bem-te-vis e escutar eles sorrindo.
JeeF é um daqueles garotos que adora a madrugada, pois esta,
nunca denuncia as manhãs por mais laranja que elas amanheçam.
Quando me pediu para ler algo que havia escrito, eu não tive dúvida:

“ a cisterna contém, a fonte transborda”.
Eis aí mais um poeta que a vida me apresenta licitamente e próprio.

Frustrações

Por mais que eu seja rodeado de bons amigos
E ainda conquiste mais e mais pelo caminho
A tristeza bate, e me abate
E eu me sinto sozinho...
Olho para traz e vejo o quanto eu ganhei
E o quanto tenho perdido
Na verdade não sei...
Compensou-se falar, ou devia continuar escondido
Ainda vejo as outras pessoas com certa frieza
Mesmo demonstrando a elas o Maximo de atenção
Talvez elas percebam, e descubram minha fraqueza
E é isso mesmo que eu quero...
Ou não?
Procuro alguém para me ajudar, me entender...
No meio da multidão não vejo ninguém
É quando algo tem que sair de mime começo a chorar
Desesperado! Sozinho! Por favor... Alguém?
Você...
Simplesmente pensar as coisas de forma diferente
Não as transforme como tal, mas tente!
Só queria ter um abraço antes que eu pedisse
Só queria poder falar e viver sem que mentisse
Só queria que você soubesse como me sinto......mas não sentisse.

By Jeef*SonhoS

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

Arrendamos a praça, pintamos o mosaico da vida com pitadas de fé.

Não haverá mais solidão cortante, de agora em diante, somos quase irmãos, amantes do
imaginável e do possível, mesmo que, na medida do impossível.

Demo-nos as mãos feito crianças em dia de ciranda rósea, esperando a aurora
que não gasta pressa para adormecer.

Ficou consumado; devagar e sóbrios alcançaremos o jasmineiro com seus galhos de ouro
e não burlaremos as rosas.

Em nome da minha família, em nome da poesia eu agradeço a DEUS pelo dom da vida
e pela certeza, de que, não me aquietarei, enquanto houver sol, enquanto houver som,
enquanto houver POETAS, MÚSICOS, enquanto houver ARTE e essa vontade impregnada e doce dar certo...

Clique aqui para ter acesso as fotos da 7ª edição do Poesia no Prato

Um cheiro amoroso na alma de cada um.


Zenilda Lua

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Torci para que chegasse esse tempo.
Tempo de Taquara.
Taquara que é Taboca para minhas noites juvenis de estio e tapiocas.
Taquara que tem o mérito dos suaves. Logo, João Possidônio traz na alma uma casa cheia de perfumes e serenidade.
Teceu as palavras com o esmero e a candura dos anjos sinceros e nos presenteia com seu labor poético de fazer chorar as almas mais endurecidas.
Êta, vida doce de temperos e poesia.
Taquara é isso um misto de delicadeza, lembranças, encanto e alegria.
"Se estar distante faz falta e dói...
então
não se está tão distante"... (João Possidônio Jr)



domingo, 7 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Posso consolar-te vem!
Renego solidão e qualquer amor impossível...
Tomarei teus cabelos em afagos
espantarei as nuvens bolorentas
cantarei uma cantiga de renda docinha
e te farei dormir...

Posso abraçar-te sem perguntas
repreendo as fugas
Não precisa explicar-me segredos
aceno incompleto
hábito avesso
insônia
medos...

Posso amar-te também
Com amor límpido de flor e cura
malgrado peso das omissões, saudade e agruras....

Zenilda Lua


domingo, 30 de novembro de 2008


O sábado começa igual aqueles dias que vamos encontrar a mais amada das pessoas. Uma consulta ao relógio e boto o esqueleto para funcionar. Saracoteio pela casa, molho as plantas, leio o jornal, respondo e-mail, chaveio a porta e sem o poeta vou à casa da sogra (três casas depois da nossa) café farto, leite fervendo (porque o dia amanheceu chuvinoso) manteiga no pão quentinho e dois cheiros na bochecha para compensar a ausência da semana.

A sogra continua sendo minha Samaritana. Dezesseis anos de convívio e nenhuma desistência. Nos acostumamos uma a outra como mãe e filha que se dão bem. Não é de ninguém o bolo que ela guardou para mim, embolora, mas ninguém come.

Às vezes fico empanturrada com seus doces, pudins, suco de couve, purê de beterraba (affh!) O meu biótipo nunca foi recheado e ela jura que preciso engordar “só um bucadinho”.
Amasso o alho que ela me ordena. Pior castigo do mês, enquanto vai me contando das algazarras dos passarinhos, do vizinho que exagera no volume do som, da carestia das frutas, da morte do Caymmi. O sábado se vai sorrindo feito sabiá em dia de colheita. A sogra é uma menina. Um arco-íris que adora fazer ginástica, passar batom, bordar as unhas, dengar a Brisa, encher a lata de biscoito e os meus olhos d’água de amor. (Zenilda Lua)

sábado, 29 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Isso tem que ser Assim?


Flora sentiu o lampejo de um crisântemo disfarçado e conciso. Abriu as comportas da alma e se represou. Cheirava estrela aquele crisântemo, mas Flora esqueceu que estrelas são inatingíveis e se entregou a música que ele trazia nos olhos especialmente ao arco-íris pendurado em cada dedo. Não decretou segredo, nem hesitou. Degustou o sumo mais próprio e escutou Djavan enquanto bebia licor de amora:

“Por ser exato o amor não cabe em si/ por ser encantado o amor revela-se/por ser amor invade e fim”.

Ela sabia de cór o abecedário daquele som. Inscreveu-se na pós, acendeu fogueiras, botou roupa nova, arrumou sobrancelhas, cuidou das flores, comprou toalha vermelha, cingiu o tempo de sorte e desenhou crepúsculo com bálsamo, sonhos e traquejos.
Flora não se atentou as noites de festas que agora eram de latejos nem para a luz e sombra que deu de transbordar uma quimera desconhecida e solitária, tão pouco aos gestos de reinos ardentes e cores diversas. Guardou o Djavan na segunda gaveta enquanto, checa e-mails, estoicamente cuidadosa.

Entende o propósito cantante de um paraibano chamado Francisco que arranca a lua da sua ronda ao dissertar com voz de gramofone e rosas:

“Isso que não ouso dizer o nome
isso que dói quando você some
isso que brilha quando você chega
isso que não sossega e me desprega de mim
isso tem que ser assim????”



(Zenilda Lua)



quinta-feira, 30 de outubro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poesia no Prato_5ª Edição!

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma. Eu estou plena. Possuída amorosamente por este tempo que é de ofertas. Querendo engarrafar o domingo (26/10/2008) que encheu (mais uma vez) nossos PRATOS de POESIAS, música, amizade, sinergia, abraços, vontades...
O anfi teatro do Parque da Cidade foi nossa arena para as dádivas, dentre elas:
Beatriz Galvão, Josefina Neves Mello, Oswaldo Jr, Seo Oswaldo, Poeta Moraes, Selmer, Sílvio Ferreira Leite, Almendanha, Nunes Rios, Fabi Baldi, Nélio, Moacyr Pinto, Mateus Rosa e Delgado, Joca Faria, Jando, Gabriel, Antônio, Léo Mandí, Ângela Tuti, Vanessa, Meire, Hildete, Juliane, Gabriela, Graça, Vivi Leite (diretamente de São Paulo) Harley, Wesley, Paulo Rafael, Adriana Barja, Nando Luz, minha Brisa, Réginaldo Poeta Gomes e TODOS que da arquibancada, enviou acenos, coloriu a tarde. Contribuindo alegremente para que esta flauta doce continue enchendo de flores meu coração sertanejo.

Um beijo tamanho do sol!

Harley, registrando cada vôo...

Confiram mais fotos no link Poesia no Prato

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Claudia!


Claudinha é uma dessas estrelas sonoras que quando aparece no começo da noite tudo vira algodão-doce, almofada-de-chita, maçã-do-amor.

Tem uma voz linda. De menina meiga com laço de fita nos cabelos... E quando declama poemas nos transforma em nuvem, em lume livres de qualquer ardor.

Claudinha trabalhou no sábado. Dia da 4ª edição do Poesia no Prato. Senti falta dela. Senti muito.Cada pessoa que adentrava ao templo eu acordava a esperança: "Quem sabe ela não virá também".

Não deu tempo. Ela não veio. Mas feito fada clara que advinha nossa saudade mandou suas cores neste bilhete perfumoso, que eu decidi não guardá-lo na gaveta, tão pouco deixá-lo sozinho na página da agenda. Divido com vocês este misto de arco-íris e girassol docim, docim.
Claudia, meu coração também é teu (todim, todim...)

sábado, 27 de setembro de 2008

Quarta Edição

A quarta edição do Poesia no Prato foi sábado 27/09/2008 na área externa da Univap – Campus Centro – São José dos Campos.

Não podia ter sido uma tarde mais plena. Ao lado da fonte embaixo das flores bebemos poemas e plantamos festas de cores. Embora ainda haja dor pela ausência do Ladislau.

Eu sempre sonhei com essa interação. O músico, o anônimo, o ator, o clássico, o professor, o analfabeto, o idoso, a criança, as possibilidades, a sorte, a rima e palmas a todos.

De verso em verso abriremos templos, pularemos cordas, estenderemos nosso tapete de pétalas em diversos canteiros e tocaremos nossa harpa rumo ao centro da interação completa, do amor e da magia. Magia esta que só os que amam, somente os que amam são capazes de se

entrelaçarem nela, decifrar seu andar seu aceno, seu hálito e gestos.


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ocre!

Quando Setembro chegar

...Não existirá neurose em nenhum turno.
As quaresmeiras estarão de plantão
com seus mantos flamboyant apaixonado
e os ipês também se vestirão de roxo-clarinho
ou amarelo-ouro
(perfumadíssimos)
Igualmente lençol de comadre zelosa.

Setembro chegou e foi neste final de semana que conheci a poeta Mirian Cris,
estrela tocadeira de viola. Menina -libélula contadeira de causos, fazedora de versos calmos.
Amei a Mirian e sua poesia.
Ela me trouxe a lembrança das tardes alaranjadas de sertão e anjo.
Me trouxe o cheiro da cocada molinha, da panela de barro areiada e um tanto mais de coisas ocre que deixa o olhar da gente marejador. Um tanto assim de arco-íris e outro de prata amolecida.
Bem-vinda Mirian!
Bendita vida!

sábado, 6 de setembro de 2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Escrevi para um amigo: A semente caiu no molhado e o roçado cheira flor em pleno agosto...Pegando o viés da colheita, o poeta Carlos Abranches nos enviou esta festa, que devidamente concedida por ele, eu partilho com vocês:

Oi, Zenilda.

Seu texto-resposta é um poema em prosa!

Encosta brejeiro na lua que te habita o nome,
cheira suave o sol das palavras claras,
mergulha no rio caudaloso da inspiração nordestina,
em que só os legitimamente nascidos nesse pedaço de céu
sabem entoar o cântico das palavras do sertão.

Do monte de minha mineirice,
abro-me em silêncio de espectador.
Quero mais é quietar-me para que esses versos
ecoem cá por dentro, na acústica interna de meu peito...

Só assim para ver, ouvir e sentir o eco
do que se revela no oculto dos poemas de vocês dois,
poetas duplamente paraibanos, inspirados no manto azul
que se abre sobre a terra em que vivemos.

O que meu sonho pede é que esses meus amigos sejam
sempre o que são, ou sempre mais,
para caber mais gente no alforje de quem escreve
as dores e alegrias do que somos.

Seja na Paraíba de lá,
Seja na de cá,
que sejamos sempre assim - crianças apaixonadas
por brincar de ver as coisas pelo ângulo que nos leva
ao além de nós, dos nós, de amigos nunca mais sós...

Sucesso por aí, que daqui vou dando um traquejo
nos buracos na camisa...

Inté (de mineiro)


Abranches é um desses querubins alumiados. Comunicador de relevância ampliada. E se não bastasse seu ar de moço bom, ele também é poeta, músico, filósofo, existencialista, espirituoso... Tem alma clara e um bom humor mineiro de infindo crédito. Uai bichinho cabra da peste, ôxente!

sábado, 9 de agosto de 2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

terça-feira, 8 de julho de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

domingo, 29 de junho de 2008

Ela está viva João...


(tanto quanto as curvas neblinosas de São Francisco Xavier)

... E arrasta os chinelos pelo meio da casa
atende o telefone majestosa
vai à janela espiar a chuva serenar terreiro
ainda bebe chá na mesma xícara de asa quebrada
molha a horta
passa brilhantina nos cabelos e não faz sigilo:
É doida por uma missa.
guarda o terço na cabeceira da cama onde dormita o ofício de Nossa Senhora
É uma mulher de cheiros, de tempero, poesia e entrudo...
Tem toalha de retalho estendida sobre a mesa
e no peito uma fogueira acesa em forma de Luzia e borboleta.

(Zenilda Lua)



sábado, 7 de junho de 2008

Mal de tempo II


Quando setembro chegar

...Não existirá neurose em nenhum turno.
As quaresmeiras estarão de plantão
com seus mantos flamboyant apaixonado
e os ipês também se vestirão de roxo-clarinho
ou amarelo-ouro
(perfumadíssimos)
Igualmente lençol de comadre zelosa.
O pintassilgo virá às janelas
com seu trinar laranjado
beliscar os fiapos de sonhos que esquecemos pelo caminho...
O som doce da flauta também avisará que a primavera
caramela as cores
e as almas ficam “quase” todas LUA de coração crescente.
Cachos de amor se enozam pelas mãos e cabelos
e todos os pedidos ganharão cheiro...
Ninguém manda ou aborrece
A aridez se esvai.
A voz mais austera é a das bromélias
Os jardins ganham dedos e alinhavam poesia concreta.

Quando Setembro chegar tudo será pleno.
Por que Deus não irá se distrair por nada.
Vai andejar sereno
e enquanto beberica seu vinho sacro
nos acenará com beijos
piscará sorridente
com aquele olhar casto de aquarela azulejada que só ELE tem.

(Zenilda Lua)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

sábado, 24 de maio de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

Febre ardósia em dia branco

Quando você saiu de mim
uma plantação de cactus inundou meu peito seco
e eu fiquei estéril
overdose de lágrimas e mistério
isento a todos os assuntos
desabitado incolor, estereotipado.
pronto a desvanecer
ou permanecer inócuo
tentando compreender como é que o amor
pode se entrelaçar em nosso coração
feito cabo de aço ou de vidro moído
e nos puxar assim até sangrar
e nos trancar nessa tenda fria
tão infinita e durável...
me obrigando a dizer sem chorar:
“ Oh pedaço de mim
oh metade amputada de mim
leva o que há de ti
que a saudade dói latejada
é assim como uma fisgada
de um membro que já perdi “.

Zenilda Lua



sábado, 3 de maio de 2008

Sem título

Cato ouro nas entrelinhas do meu cisco
tanjo as moscas
queria adestrar vaga-lumes
mas os danados já nasceram prontos
Vontades ressequidas de sorte
perambulam nas margaridas fiapentas
da minha saia macramé
Deus me fez isso: mulher-libélula-doida-por-poesia
sem qualquer tendência a cozinha
uma sopinha de coentro
um “macaça” com farinha e manteiga da terra...
Nada mais.
Inda bem que ele me aceita assim
às vezes se queixa é claro!
E quase me queima com o olhar de craúna sisudo
Contudo, nunca pediu para eu pentear os cabelos
e até me deu de presente os chinelos de couro que eu prefiro
Vez ou outra põe sua mão em cima da minha vida
“e reacende a secreta alegria do meu sangue”
bebemo-nos enternecidos
Depois reparo no bordado que ele fez com minha cor
Usando o desejo do poeta:
“Que seja eterno enquanto dure”
... Eu digo Amém, tá durando o amor

Zenilda Lua

quarta-feira, 23 de abril de 2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

sábado, 19 de abril de 2008

Deusaflô



A cada volta sua
retiro o coração da gaveta empoeirada
ponho o relógio para sonhar
atendo o telefone
guardo o luto
escrevo carta num céu de pétalas
e até julgo o amor como eterno...

A cada volta sua
acendo as estrelas uma a uma
desembrulho a noite de lua
incentivo o por de sol
rego as florestas com assobio doce
separo os livros
capricho na sopa de coentro
e confirmo minha grande sorte
ao lembrar teu sorriso clarim
(agora, não mais metálico)
sinto até vontade de cantar

Deixa-me os sonhos teus
para eu brincar com eles de novo
dá-me teus cabelos breu
para enfeitá-lo com as flores azuis
que eu mesma as colhi
(em tempos de insônia e saudades)
descalça, na bruma da aurora
e com a falta tua
costurada no peito...


Zenilda Lua

Status-quo



Teu colibri
trouxe-me o vulto
e o gorjeio
das tardes sem donos

Impulso saudoso
e deusas queixosas
que impressas e virgens,
ainda dormitam
nas lamparinas de lã...

Zenilda Lua

Do aceno a colheita




Contenho o estoque de céu
remetido pelo teu pólen
menino vaga-lume
espelho excessivo
entrega amigável
mil maneiras de postar a sorte
no dobrar os joelhos da alma
que te cerca e ama
Sem endurecer a moleira do meu poema ateu
você segue
experimentando cores,
respeitando invernos
adubando estrelas
curando os porões de toda promessa...
Fiel, igual segredo de jasmineiro.
Zenilda Lua

sábado, 12 de abril de 2008

Regresso casular


(Para Misael Nóbrega)


Que segredo será que lhe guarda
Que enfado será que lhe soma
Que brado te onera...

Vigiávamos tua prosa esperançosos
Até que a mesma se diluiu
- poética, macia, sincera -
liricamente propícia
a um rio imenso, aristotélico...

Céu e sal
Echarpe e véu
Sol e hera
E nós todos a postos
Esperando sua volta
-nenhum vestígio dela -

Zenilda Lua

Ruge e carmim

Abril chegou despedaçando traços
Desfiando o tempo da obediência
Paixão, deleite, segredos
Mãos e seios, sapiência

Amor suprido, enlace
desejos, batom, arpejos
papoula, ósculo, oferenda


A ocasião foi própria
Ficou decidido assim:

Carne e unha
Sol e vinho
Alcaçuz e alfenim

A mesma escova
O mesmo pente
Toalhas mornas
Absorventes...

Flor de amora nos olhos pêssegos
A mesma rota
O mesmo texto
Alquimia e alecrim

Elas e seus arrepios

“Não tecemos a trama da vida;

somos meramente um dos seus fios”.

Zenilda Lua

quinta-feira, 10 de abril de 2008

segunda-feira, 31 de março de 2008

Mistérios do ócio



... Ela herdou todas as posses do seu pai senhor de engenho, regime feudal. Não lhe caía mal aquele olhar de febre, meio mel queimado embora, o hálito amargo e o som de inferno executado pela sua voz, ardia por mil labaredas nos ouvidos das empregadas.
Numa noite de sol, depois do perfume francês e das meias de seda calçadas, ela não conseguiu entender aquele infinito silêncio ao redor da xícara de café amargo. Como tinha urgência bebeu-a de um só trago, (sem ter tempo sequer de acender aquele que seria seu último cigarro). Adormeceu suavemente sem cicatriz de fada malvada, sem pretensão de céu ou inverno, de orquídeas ou vento de hinos poéticos ou homilia censurada...
Voou baixinho feito nuvem sem resposta, feito praça morta que não consegue ser fértil, tão pouco uma boa guardadora de segredos.

Zenilda Lua

Promessa de Sábado

Meus querubins chegarão sem alarde,
pé ante pé feito sono no meio da tarde.
Tocarão flauta doce sem desafinar.
Brincarão de roda em tua volta.
(Pois há muito, és minha preferida)
E se você deixar
esculpirão flores nos teus cabelos de seda.
Ficarão de plantão até seu coração se harmonizar.
Até que seu tempo seja pleno
de festas diversas, colheita e fartura.
Até que o pólen se dissolva morno,
meigo e sem qualquer rasura.
Até que chegue de novo outras férias,
outras feiras de poema,
outros sonhos, outros ventos,
Outras flô e candura...
Tudo assim:
leve, fértil e doce...
Igualzinho chá de hortelã
com biscoito molinho – In natura.

Zenilda Lua


Alfenim


FRAGMENTOS BRANCOS II

Apresento-lhes uma das minhas Musas Literárias:

lava os pratos
tendo por patrão
os ponteiros do relógio
essa mulher pêndulo de nervos
sobrevive no limite
entre a santidade e a blasfêmia

(Josefina Neves Mello. Mulheres de São José: outros poemas, 1996, p. 63)

Para Fabi Baldi




Quimera 77




sábado, 29 de março de 2008


“Todas as cartas de amor são ridículas, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas...”
... Por isso separei ambigüidades e devolvi ao poço.
Chegou a véspera de não mais partir
Agora posso dizer-lhe, venha!
(no sentido concreto do corpo)
suor e sândalo
canela, mel e
aquele gosto de sal escorrendo nos olhos...
Pode vir !
Com suas malas de notícia, ócio, luta, delícia,
insônia, ferramentas, comédia, literatura
e pensamentos romanos:
Sêneca , Cícero, Marco Aurélio...
...Sua sacola de planos, bom humor
e todas as MANIAS VEGETARIANAS
Venha!
Com essência de Hércules alargando fronteiras
Me enchendo de graça
mostrando que o tempo dizimou cautela
e nesses dias insanos de febre alta
“ ...É inútil dormir, a dor não passa”.
Zenilda Lua

Presença de sol em plena noite





sexta-feira, 28 de março de 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008