sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Achei você na prateleira onde guardávamos o material de limpeza
Achei também no cd dos mutantes e na tentativa de declamar o poema de Jessier
Achei você nas gavetas e no assunto que o vizinho trouxe a boquinha da noite...
Acho você em toda porção primitiva e na fase inaugural das coisas.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

“Liberdade na vida é ter um amor pra se prender”.

Eu tenho você em todas as minhas práticas e pensamentos. Na urgência de cada detalhe, no remancho delicado das incertezas. Tenho você no gotejar da calha, no chiado da panela de pressão e no chegar das correspondências. Tenho você nas músicas da Tulipa, no barulho do portão, no andejar de Deus pelo meu coração.
Lhe tenho também nas receitas, nos vidros de medicamentos pela metade e nos brotinhos da calêndula branca que dia sim e dia não eu molho-os.
Tenho você nas assinaturas e em todos os traquejos de melhora.
Fiz um cordel pra ti, bem de simpleza e rima fraquinha como você diria:

"Fazer rima desse jeito
não tem futuro nenhum
é churrasco sem linguiça
é horta sem jerimum"..

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sempre viajemos nas férias. Em 2011 num consenso amoroso tirou licença de mim. Deixei-lhe avulso na brancura das certezas. Pegou o primeiro voo promocional e se despejou na Paraíba. Foi parar em Patos. Na casa de minha mãe alinhou panelas, fez sopa de costela, encontrou meus irmãos, tias e primos. Visitou amigos fez cantoria na praça. Visitou as praias que gostávamos. Desembaraçado e festivo me ligava toda hora dando conta do amor e acolhimento que lhe embrulhavam. Só anoitecia bem tardão na algazarra dos encontros e churrasquinhos surpresa. Uma semana e meia na solteirice não encontrou o plano superior de contentamento que buscava e antecipou a volta alegando   falta do vick vaporub que esqueceu em casa e a tristeza de olhar a igreja de nossa cidade e não ver mais o relógio que ajustava o sino para tocar de hora em hora. Eu bem que não acreditei nessa  versão poetisada.