... Ela herdou todas as posses do seu pai senhor de engenho, regime feudal. Não lhe caía mal aquele olhar de febre, meio mel queimado embora, o hálito amargo e o som de inferno executado pela sua voz, ardia por mil labaredas nos ouvidos das empregadas.
Numa noite de sol, depois do perfume francês e das meias de seda calçadas, ela não conseguiu entender aquele infinito silêncio ao redor da xícara de café amargo. Como tinha urgência bebeu-a de um só trago, (sem ter tempo sequer de acender aquele que seria seu último cigarro). Adormeceu suavemente sem cicatriz de fada malvada, sem pretensão de céu ou inverno, de orquídeas ou vento de hinos poéticos ou homilia censurada...
Voou baixinho feito nuvem sem resposta, feito praça morta que não consegue ser fértil, tão pouco uma boa guardadora de segredos.
Zenilda Lua
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