domingo, 29 de outubro de 2017





Tem gravura de sol
de estrela do mar
mania de espalhar modos
que incidem mistérios...
Eu fico escutando um violino chorando longe
e penso na outra claridade que avança
azulando até as cercas de arame farpado

numa doçura santíssima!

Foto de Maurici Dasmaceno




Marcou-me com ponto cruz
flores de maio
e auroras temporã
os topázios
o crepúsculo
os livros de Manoel de Barros
as modas de viola
a bala de hortelã...
permanecem intactos
no alfazemar dos acordes mais dócil.
Basta descuidar um tiquinho de nada
teu semblante me pega, me pega de novo
mesmo quando há visita


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terça-feira, 24 de outubro de 2017


Das gavetas
ainda escapam lembranças
cheias de esperteza sonora
florata 

com leve cheiro de vick e própolis
malemolência fatiada no frasco do tempo
apropriadas e faceiras
como cantiga de vento
vão-e-voltam...


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Algumas manhãs chegam conduzidas por amargores desesperantes.
Tão altos que emperram a passagem do verde mais calmo.
É óbito, é pânico, é câncer, é falta de emprego, de óleo e cebola para dourar o arroz, é excesso de preconceito, de vaidade e de ruindade mesmo!
O fogo do desassossego dos inocentes também ardem nos olhos da gente. As barbáries nos cortam a fala, comprimem o peito, ressecam os planos.
“Tende bom ânimo”.
Eu tenho, Jesus! Mas algum estoque de força parece envelhecida demais. Aloja-se na carne o desatino do amor precário, da confusão, da cegueira.
O peso dos acontecimentos falta pouco enfartar a veia por onde corre os sonhos.
Chega a hora do almoço resolvo bordejar no meu local de trabalho, andar pelo verde que ainda nos resta.
Primeira parada; com a equipe de técnicos e alunos da escolinha de futebol, plantamos um pé de abacateiro.
Segunda parada; um respiro debaixo do bambuzal onde o casal de quero-quero me olham com desconfiança.
Terceira parada; visita ao velho e tão amado pé de pau-brasil. Debaixo de sua sombra generosa e farta, sentei-me emocionada e desobrigada. Coisa mais linda alarmando-se inteiro!
Havia três anos que ele fazia greve de flor. Ficou amuado, emperrado feito prego que não serve pra nada. Este ano se capacitou no mais alto grau da primavera. Desandou-se à florada. Está impossível! Seu perfume estende-se pela avenida dos bancos, corta a praça, entontece o pica-pau, desnorteia as abelhas mais sãs. Entusiasma os grilos obtusos e desvanecidos para o amor.
Tirei várias fotos com o celular capengando com bateria sempre no trisquinho final.
Sequei os olhos na barra da blusa.
Minha alma teima em sofrer de esperança.
“No mundo tereis aflição, mas anime-se”!
Nunca se mire no exemplo das mulheres de Atenas.
Ele venceu o mundo!

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Você pode até não se maravilhar.
Sua tristeza insiste e, em mim também se guarda.
Mas quando lembro que Ele acalmou a tempestade com um mandado.
Ressuscitou um morto com um chamado e, direcionou a história do mundo com a vida. 
As alegrias me voltam,
a esperança me cabe 
e as miudezas desconvidadas se vão com os voos das maritacas.
Não permitamos que nenhuma mazela se interponha, que nenhum preconceito nos oprima, que nenhum acontecimento nos afaste da única e soberana fonte!
Ótima semana.
Cheiros de bem e afagos lícitos!
Jesus nos guarde, alente, alivie, nos propague.

Foto linda de Paulo Baldi