sábado, 12 de maio de 2012
26 de Abril de 2012
Salvaguardei-me na apólice das franquezas
estou borboleta de colar de contas coloridas e, asas bem compridas...
as perguntinhas queixosas de curral e valentia
já não atolam mais as lajotas do meus sonho
domingo, 29 de abril de 2012
Uma pessoa do nosso meio, cuja estima é relevada, explicitou revolta em relação aqueles que se intitulam Poetas sem o ser. Não estudou Arthur Rimbaud, desconhece Ana Cristina Cesar, Claudio Willer, Torquato Neto, Fernando Coelho, Maria Firmino dos Reis, não sabe lidar com rimas e metáforas? Não pode se intitular Poeta!
Senti a responsabilidade de responder a esta querida pessoa. No começo ignorei mas, depois que vi Leonardo Boff, bem de pertinho, que pedi benção e dei cheiro na sua barba branquinha e sedosa, não sou mais a mesma. Não sou mesmo. Desde terça-feira 24 de abril de 2012 ganhei mais responsabilidade. Etimologicamente, responsabilidade também significa necessidade de dar uma resposta a uma proposta. E já que estamos condenados a conviver nesta nave-mãe Terra, de sermos preconceituosos, arrogantes, invejosos, exploradores, mesquinhos, falastrões e cruéis não há outro jeito; ou nos irmanamos ou contestamos.
Também fui burilada a martelo e talhada na pedra bruta, sofri um bocado no principio mas, depois aprendi que, estabelecer tolerância é a forma estratégica de defender a pluralidade.
Estilos de vidas, formas literárias, códigos de conduta, escalas de valores e opções diversas estão no mesmo nível. Tanto aquele que sabe fazer versos lindos, quanto o que escreve coisa-ruim- demais-da-conta merecem viver.
O trabalhador, o ocioso, o sábio, o simples, o esperto, o alienado, o artesão, o lírico, o insuportável todos são igualmente importantes. Ambos convivem, representam valores e, mostram que ainda deve haver possibilidade de melhora.
É claro que existe os mais excêntricos, excessivos, repetitivos, lustradores do próprio ego. “Para cada tipo de razão um território e uma valia”, concordei com meus botões de casa afrouxada. Lembrei-me de uma citação que meu avô gostava: as palavras DURAS incitam a ira, as BRANDAS dissipam o amargor. Com o advento do google na minha vida, foi que descobri o autor da frase: Confúcio.
Outro dia estava aplicando um teste numa dinâmica de grupo para jovens e, uma das participantes pediu-me ajuda. O grupo não sabia de quem era a frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Fiquei indignada. Como assim não sabiam? Especialmente ela que, é filha de socióloga e motorista leitor, que eu bem conheço os pais!
Não conhecer o Exupéry? Impossível uma coisa dessa! Arrogante e pretensiosa dei dicas de leitura, e falei onde poderiam alugar o DVD com a história do Pequeno Príncipe.
No final da dinâmica acontecia um sarau e, onde cada um, se desejasse, poderia demonstrar suas habilidades. Fizemos um grande círculo no meio da sala e apareceu tocadores de gaita, capoeirista, assobiador, fazedores de brigadeiro, dançadores de rua, leitores bilingues, skatista e até uma garota de mechas azuis no cabelo, boca cheia de dentes e bochechas rosadinhas que, nunca lera o Pequeno Príncipe mas, sabia fazer com papel colorido lindas libélulas de jardim e passarinhozinhos graciosos. Fez dezeninhas delas em minutos, dobrando o papel de forma ágil e assertiva. Generosa, nos presenteou com sua arte e eu fiquei mais certa que, a vida não precisa ser um vale de acidez, mazelinhas amarelas, um de cada vez. Vamos juntos! Podemos transformá-la numa casa comum, de quintal colorido e flores de cheiros, desfrutada pela convivência humana e bondade de todas as coisas.
Tudo o que vive merece viver e, “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz”.
Beijos de conduta terna e que Deus continue nos conduzindo pelos seus caminhos de preferência.
As catorze e trinta desse domingo chuvinosinho, estaremos nos reunindo na Capela do Jardim Colonial com a Mulheres do Pinheirinho.
sábado, 21 de abril de 2012

Essa escassez de postagem significou lampejos diversos.
Saraus, cirandas, rodas de leitura, semana da saúde, cuidados com a filha,
Saudade de irmãos.
Conversinha fiada e tempo de delicadeza...
Vou voltar. Haja o que houver eu sempre volto.
Mesmo com pernas reumáticas e coração de ladrilhos, chama exausta na alma
e olhar macerado de incêndio... Estou voltando!

Eu te perdoo por deixar os chinelos num canto impróprio da sala.
Por ter escolhido esse piso cor de amor se amarelando para nosso quintal.
Te perdoo por não suportar meus incensos,
por levar as flores à garagem alegando que o perfume aflige a proximidade dos assuntos.
Perdoo-te pelo cochilar estático e repetitivo da bolsa de trabalho na ponta da mesa e,
TE AMO pelas dobras dócil de sua conduta,
pela sonoridade de todas as músicas escolhidas,
por guardar-me em segredos e esquecer de me entregar o presente de Natal.
Te amo pela confiança, andejos e permanência.
Pela escolha do alho, das frutas e textura do arroz.
Pelas pretensões, desapegos e facilidade aos acessos.
Te amo a ponto de atravessar o universo guardando nas duas mãos a brandura dos teus olhos
e, de pedir a Deus que me pregue na cruz, me queime em fogueira mas nunca NUNQUINHA mesmo
destine-me para longe dos teus cuidados e desejo.
Além do por do sol, outras mini luzinhas e calmaria... para o Poeta Dailor Varela

... Com ele troquei cartas, farpas, abraços, pedidos de amor e receitas de vinho.
Às vezes o achava medonho, desalmado e pretensioso. Na maioria, o MÁXIMO e, ele sabia.
Ainda era segunda-feira bem cedo (20/03/2012) quando recebi o desalento pela notícia de sua internação.
A inscrição no Conselho Regional de Assistência Social me dá garantia de entrada em locais restritos, especialmente Hospitais.
E foi lá que entrei com o coração aos pulos, em meio há tantos ele era ÚNICO no salão das emergências.
Chamei-o pelo nome, acariciei lhe a testa suarenta.
Ele reagiu com um olhar demoroso e palavrinhas curtas, incompreensíveis para, em seguida cair num ressono.
Seu quadro de saúde ainda era estável, “requerendo exames e cuidados” assegurou-me a enfermeira responsável.
Iniciava-se ali um tempo vigioso de incertezas e espera.
Em horas alternadas passei a visita-lo quase todos os dias.
Do setor Verde foi transferido para o Vermelho, o que evidenciava agravo e intensificação dos cuidados.
Contei sua história para equipe médica, Assistente Social e estagiária. Sua importância para nossa literatura e poesia.
Os dias seguidos ao AVC, doses elevadas de antibióticos, desconforto respiratório e descoberta da diabetes,
embotavam-lhe os olhos e, ele no seu sonho florejado de menino birrento que empurra o portão de pinho no paraíso, deu de não reagir aos estímulos. Aquele tiquinho de céu em plena terra cansou-se das agulhazinhas diárias e aferições.
O corte pequenino no pescoço, também chamado de traqueostomia, anunciava o mandato que não admite réplica.
Ele, que era entre os CEM, um dos MELHORES não melhorava e,
decidiu que no domingo (15/04), antes do almoço, ia mesmo encontrar-se com os pais no jardinzinho deles, cuja varanda dar para o poente e, fica de costa para uma bica de taquara, onde redes coloridas do Nordeste dão cheiros e, ficam balançando ao vento.
Tem ainda uma porção de pés de flor enfileirados.
Vaga-lumes e “anjos esbeltos desses que tocam trombetas”, borboletas e colibris, fazem parceria com outras delícias.
Dizem que por lá, nada é temível e, tudo é partilhável; luz, árvores, estrelas, água, coração e saudades...
É bem provável que por essas horas nosso Poeta maior esteja cantando para nós bem assim:
“No novo tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos.
Pra nos socorrer, pra nos socorrer”.
Acenos poéticos desse povo aqui, Mestre!
Lembranças que marejam o mais seco dos olhos e, uma boa querença danada de grande.

Ela continua compondo meu divino quadro-família.
Sou de cochilos e cachos, ela é vaidosa. Sou toda coração, ela é exata. Gosto de escrever e ela de dançar.
Continuamos parceiras como no tempo que cuidávamos da fazenda de flores.
As minhas eram brancas, amarelas e azul bem dormentinho; flor de malva, bogari, nove horas e alfazema.
As dela tinham cor perpétua e absoluta; flamboyant, carmim, girassol e açaí vivíssimo.
Eu só tinha medo de alma. Sofria contrita olhando as estrelas de claridade baixa.
Ela temia papafigo e, Zé Biró, doente mental que era filho da mulher que pegava menino.
Só bem depois viemos saber que, essa história de mulher que pegava menino era porque a mãe de Zé Biró, D. Leondina, parteira.
Minha irmã é uma orquestra de sentidos.
Corajosa moça de honestíssimas pétalas.
Corta o pé nos cacos, mas não tira o salto.
Nunca falta ao serviço, nem se aborrece quando adio o depósito das minhas promessas.
Quando espremem seu coração viro uma fera aflita.
Agachada na tocaia do sereno nem respiro, só penso em pegar minha espingardinha de soquete e, brincar de cobrir o coisa-ruim com folhas mal cheirosas e segredos de senhas.
Minha irmã é uma extensão de tudo que é favorável.
Repara minhas vestes, e joias de miçangas advindas dos tabuleiros hippies.
Tenta me ajeitar com seus xales finos, suas camisas de carestia e calças de marca que encobrem a brancura fina de minhas canelas.
Vira as costas eu a engabelo. Volto para minhas estampas florais e brincos de capim dourado.
Ela esquece que nasci no tempo de porta-pote e, que ainda sento no cepo de peroba escura que, virou cadeira na sala de casa.
Invés de abajur escolhi luminária de vela amarela com roxo nas bordas, coberta por sementes de cravos, casca de laranja cheirosa e pau de canela.
Minha irmã é uma dádiva. Meu insetinho da sorte.
Seguro no seu braço direito com as duas mãos de cuidados, como na infância irmãzinha e, na parte mais limpa da alma lhe guardo diariamente.
Temos sonhos comuns, gostamos de jardins.
Quando a mãe lhe punha para tomar sol, acomodadinha num cesto que parecia berço, eu ficava inventando que as florzinhas de pereiro que, sombreava o terreiro, falavam contigo e, você punha-se a sorrir com minha fala de raposa espavorida:
“ Faz cara de feliz menina banguelinha, faz cara de feliz...” e você fazia.
Por obediência natural ao esquecimento, não te lembras mais destas passagens. Não faz mal, eu as reinvento. Pois me falta talento para esquecer.
terça-feira, 6 de março de 2012
Ler suas obras foi inspirador. Estou muito mais possível de encantos. Isso sem falar dos HOMENS que, irão homenageá-las.
Venham todos! É gratuito.
Teremos abraços bem apertados e, outras coisinha pra lá de gostosas.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Foi numa tarde sem cura, minha porção materna levantou-se da zona de conforto e adentrou naquele espaço que, mais parecia uma perturbação esquizofrênica de longo alcance e altura.
O dia anterior tinha sido de expulsões, estampidos de bombas, prisões, barulho de helicóptero, longos telefonemas, dor e muitas lágrimas partilhadas com amigos, em especial Paulo Barja.
Era 23 de Janeiro, o ano mal havia começado e, estávamos ali, eu e minha filha, buscando uma resposta, um alento por mais tênue que fosse para abafar tanta agrura.
Em aguda situação o silêncio é balsâmico. Mas aquele não era. Era infinitamente doedor.
Voltamos para casa. Eu estava disposta a enfrentar pelas crianças e idosos, os mais danosos cães. Recorri ao ECA, artigo cinco explicitava: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei, qualquer atentado por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais.”
Meu Deus! Todos os direitos foram violados e continuavam sendo, ali perante nossos olhos mornos!
Maldisse os governantes, os líderes, a ignorância, os assuntos de Leis.
Não calculei o preço mas, quando percebi que seria incapaz de conseguir sozinha, rebusquei amigos, reparti o leme e o barco seguiu repleto pela autenticidade dos atalhos.
Logo a garagem de casa encheu-se de caixas e sacolas. Biscoitos, meias, moletons, lençóis, camisetas, panetones, bíblias, carrinhos, gibis, prendedor de cabelo, fraldas, garrafas de café, porta-sabonete, chinelos, remédio pra piolho, analgésico, pirulito e itens relevantes de utilidades diversas.
Em duas semanas virei carreteira, madrinha, irmã de solidão e afeto, conselheira, ouvidora, portadora de recados e pedidos, entregadora de lanche da tarde, acompanhante de enfermarias.
Até que os meandros racionais inflamaram-se na sala de estar. Meu par apontou-me que, a razão é um sol impiedoso; ela ilumina, mas, também cega.
Foi decretado insatisfação pelos meus atos e opção. Vislumbrou-se a concepção que eu estava agindo de forma ridícula e atavicamente assistencialista.
Restaram-me os soluços, o abraço da filha e as centenas de pedidos guardados na bolsa.
Uma semana passou e, consumida pelo ardor da impotência, reativei minha subjetividade, minhas referências e princípios, o lugar mais íntimo onde o meu “eu” sobrevive.
Convenci o amor que minhas ações eram carregadas de histórias, razões e motivos, que minha opção tinha um caráter sacral. Pois minha alma também fora feita a machado e, talhada na pedra bruta. Carecia dessa possibilidade, de estar com o meu próximo segregado invisível e sem futuro próspero. Somente assim não corria o risco de ser sequestrada, de me perder do cordão que me costura a mim mesma.
No dia seguinte voltei a encontrar Clarinha, Seu Pedro, Vitória, Sara, Ana Cristina, Pedro Augusto, Seu Antônio, Alaíde e Dinorah e tantos outros que me ensinaram e ainda ensinam; “o tamanho da flor não modifica a sua condição essencial. A flor será sempre uma flor, mesmo que pequena”.
Continuamos indo, eu e minha filha, aos abrigos onde seguem alojados dezenas de ex-Pinheirinhos.
Muitos receberam o aluguel social e conseguiu alugar uma casa, outros a Defensoria Publica precisou intervir. Alguns buscaram o quintal de parentes, compadres, amigos. Alguns conseguiram empregos, outros estão à procura. Alguns ficaram doentes, outros foram embora para a terra de origem. As crianças estão frequentando as escolas. Uns sorriem outros permanecem quietos. Uns pedem chicletes, outros chinelos e, assim prosseguem suportando a aflição da existência.
Não deixarei de ir vê-los, pois o que não é percebido não existe. Ou seja; o que não for notado e distinguido, perde a efetividade.
sábado, 7 de janeiro de 2012

Foram quase 20 dias longe dos Campos de São José.
O meu sertão continua paciente com a escassez das nuvens chuvosas.
A legitimidade do sol fez-me perder o cuidado com o frio.
Mas cada momento e encontros, cada abraço e despedida valeram por uma estante cheia...Devolvi-me, as mesmas paragens de longínquo tempo.
O alpendre azaleiado, a cerca que ainda suporta a sustância do vento.
A fogueira a esperar por Junho.
O descanso de almoço na cadeira de balanço.
A estrada nos levando ao poço, ao juazeiro e aos pássaros de cor...
Tudo estava lá. Permitido e forte.
Até a balança silenciosa e pendurada no teto. Agora já não mede nem engabela ninguém, só enfeita.
Se o paraíso é mesmo uma questão pessoal, eu estive nele e sei que haverá continuança de saudade.

Feliz Tempo de esperança e buscas significativas a todos que cultivam os jardins do Bem.
Aos que NÃO se vestem com a indumentária da arrogância e insensatez.
Aos pacientes de recomeço e escutas demoradas.
Feliz Tempo aos portadores de ternura, alegria e generosidade.
Aos guardiões do simples.
Aos que habitam as aldeias da positividade e se reinventam mesmo em véspera de cansaço.
Feliz Tempo aos que entendem a poesia da vida e com ousadia de sol recomeçam a marcha.
Aos que se disfarçam de anjos e vão acendendo luzes pelo nosso caminho nos devolvendo a certeza divina de presença e aconchego constante de Deus.
Feliz Tempo de esperança, paz e bençãos.
sábado, 10 de dezembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
A noite não ficou mais verde depois do grilo...
sábado, 8 de outubro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
Alegrando-me por amigos que erguidos numa paisagem de lampejos e paz dançam com alegria incontida a arte de celebrar a vida e, me levam junto por entre bromélias e templos, becos e assuntos, ritos de beleza, ensino, contenteza e barulhinho bom.
Suspiro desajeitada sem entender muitas vezes o vai e vem dos trâmites.
Cavoucadora de infinitos viro bicho e não me aparto das vertentes mais ternas.
Embora alguns afirmem que o ser humano é o lugar onde o mal se concretiza dou uma de desentendida e prossigo no acompanhamento da marcha santa.
Penso que haverá sempre um recanto onde a verdade sobrepõe a dúvida, o amor afoga o ódio e alguns abraços bem apertados são muito capaz de curar as dores mais fundas.
Que venha a primavera multicolorindo a aflição das paisagens, purificando a mente dos que ingressam pelas veredas espinhosas e que com sua força mental cria um ambiente inóspito, desadequada, desprovido de harmonia e nesse ambiente dão de padecer.
Que venha Setembro com seu colar de miçanga e flores que estampam janelas.
Ainda preciso saber identificar os ruídos celestes e descobrir as pegadas de Deus na varanda. O céu também começa nas pedras e as minhas, igualmente a de Drummond vez ou outra estanca no meio do caminho, única diferença é que no finalzinho do dia, bem no finalzinho, ela brilha.
domingo, 7 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Desconexa e troncha.
Arenosa e perene.
Nenhuma convenção parnasiana ou eclesiástica.
Tudo solto e laico.
Fio claro fabricador de sonhos.
Sem haicais ou sonetos.
Só rima fraca, rufar de penas.
Passarinho ao vento, coração de cheiros,
jogos florais e cerca de renda.
Quando aperta vou ao sebo.
Evoco Spinoza, Sartre, Rubem, Lacan.
Bato palmas e refresco-me com pomadas Cartesianas,
compressa de água mista,
lembrança do Calvário e Cristo lá,
com toda aquela dor lhe cobrindo as feições,
ainda dizia para perdoar que,
“eles não sabiam de nada”.
– Capaz! –
Oh, que homem mais único!
Por isso, tanta fresta de luz escorrendo no meu chão.
Deus é muito prático.
Desisto de esperar pela razão, e suas leis.
Molho a alma no riozinho da primeira causa, agora já estou no crepúsculo.
Nada suspende minha contenteza,
meu bem-dizer a vida e os dias que dei de sorrir
até doer, pelo que ando sentindo...
Zenilda Lua
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Inclinação Poética ou Pequeno Depoimento Amoroso
Sentada num banquinho de madeira bruta, no alpendre pintado de um azul desbotado, cercada de florzinhas miúdas eu, ainda menina com traquejo de roça, obedecia o ditado daquela moça fina que chorava generosamente: “Receba, ingrato de alma cruel a sua aliança”... e por minha conta acrescentei:
...”Não guarde esperança de me procurar”.
Na comunidade rural onde morei até os doze anos,
minha família era uma, das poucas que tinha acesso a leituras.
Meu avô era homem de bons livros, minha mãe e tias eram educadoras sociais, pessoas amativas e incentivadora de acesso a leitura,
especialmente a literatura de cordel.
Logo cedo fui alfabetizada e inserida num contexto literário excelente.
Com inclinação para as causas de amor dei de ser convidada à fazer declamações em quermesse, semana do livro, bailinhos de aniversário e programação ecumênica.
As encomendas de cartas não paravam de chegar.
Cartas de amor, de amiga, de escassez, de fartura, de luto e de intriga. Cartas sem assunto só para dar notícia do inverno sempre mínimo e demoroso.
Cartas simples com cheiro de horta, desobrigada de rimas, planejamento ou resposta.
Sequer sonhávamos com o advento da Internet e o telegrama não bastava pelo fato de encarecer e encurtar o assunto.
Reveza-me, entre a escola, o cuidado com a fazenda de flores (em parceria com a irmã) e a feitura das cartas.
Enchia, pela minha gente, páginas de notícia familiar, elogios, saudades, convites, lembranças, parabéns, sentimentos que, sempre tendiam para a ternura.
Até que veio a maioridade e a menina das cartas virara moça e, esta moça recebeu de um Poeta distante uma promessa de amor via carta.
Oh sina deliciosa!
Respondi a carta e a promessa vingou, encheu-me de suspiro e prumo. Avolumou-se em mim a certeza de sorte e o desejo de conhecer outros Campos.
Num outono dos anos noventa, dei bênção à mãe, pedi demissão do trabalho, tranquei a faculdade de Letras, troquei as ruas ensolaradas de minha cidade pelas avenidas neblinosas de São José.
Quase morri de saudades mas, vieram os amigos, a Brisa e o amor continua.
Quando se descuida fica mais terno e ainda revela-se de manhã, na hora do almoço, no meio da tarde, na boca da noite e de madrugadinha.
Continuo declamando versos.
Escrevendo cartas.
Amando as saias de cor.
Sou fã da Sônia Gabriel e ainda carrego na alma o cheiro adocicado das florzinhas miúdas que coloriam o alpendre onde eu sentava num banco de madeira bruta para escrever as primeiras cartas, tão minhas tão sertanejas e tão possíveis de amor.
Zenilda Lua
sábado, 25 de junho de 2011
sábado, 11 de junho de 2011
Pés em degelo pelo frio de Junho. Rezando para Setembro chegar cedo.
Coração dupla face continua aluado. Metade sertão metade Poeta e Filha.
Tenho tentado manter o prumo.
Tomado decisões configuradas próprias de gente grande.
Trabalhado muito.
Estudado pouco.
Lido bastante.
Tem se elevado em grau maior minha zanga com a Telefônica.
Todo dia xingo.
Qualquer hora dessa chamo a polícia e obrigo o Ministério Público a indenizar minha aflição.
Ser independente requer muita coragem e co-inspiração.
Estou agradecida a Univap, Jornal O Vale e Tv Aparecida pela divulgação da literatura Vale Paraibana.
Em especial ao SESC que nos confiou o desafio de cantar e dizer o AMOR.
Eu,Sônia Gabriel, Paulo Barja, Braga Barros, Selmer, Dyrce Araújo, Santos Chagas e Carlos Abranches,
estaremos Sexta e Sábado esperando os amigos, os fictícios, os de natureza filosófica, os que adoram um tempero sertanejo, os que dão carona, que emprestam o guarda-chuva, os que investigam, os que faz cantigas,
os de bom coração, os que estão se tratando, os de silêncio, os de poesia, os fazedores de arte e diferença....
Aqueles que entendem que a vida só sustenta-se feliz quando temos amigos nos querendo BEM e um amor nos querendo SEMPRE!

quinta-feira, 2 de junho de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Se dói eu grito, esperneio, choro...
Se é bom aplaudo.
Se acredito vou cavoucar até a última orquídea virgem aparecer sorrindo.
Se não é sincero não conte comigo.
Algumas existências me traz claridade e alivia o ardor da espera, das decepções corriqueiras, do consumo excessivo e
Na maioria das vezes o sentimento me sobrepõe a fala, por isso escrevo.
Acredito que a brandura seja a guardiã do afeto.
Também vou a feira, ao dentista, reunião de pais, cardiologista.
Odeio rodeios e desperdício de água.
Sou exigente e vou virar uma especialista em cultura caipira.
Recebi importantes propostas de trabalhos.
Sufoquei-me de contente.
Nas duas próximas semanas coração ficará espremido de abraços
Semana do Serviço Social na Univap e Festival da Mantiqueira em São Francisco Xavier
Se perceberem silêncio é que o amor vigora e desencolhe a alma mas, isso já é outra história...
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Já é quase véspera de Sexta-feira Santa e os olhos da alma brilham feito objeto de amor.
Convencida de aluamento sinto não ter mais volta.
Levamos os livros ao último vagão da curva. E não é que deu certo?
Pois que deu e com sobra. Abundância. Fartura.
Conheci a folha branca da mão pousada e ao meu auxílio uma porcentagem sonora de Bem.
Na Bienal, nos Papos com o Autor, no Rapsódias, na praça com a Dyrce, no espaço Beira Rio onde os Mistérios do Vale nos foram recontados.
Uma boa palavra é como um alimento fino. Constantemente recebo este alimento que vem sorrindo iluminar a varanda de minha mente e coração.
Sou grata pela permissão da existência.
Só não consigo diminuir essa querência de Bem.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Noticiazinha dos últimos dias
quinta-feira, 10 de março de 2011
Elas por Eles
Emocionando-me com as ações fomentadas por elas,
com as tormentas enfrentadas, amores negados, vividos.
Estou muito mais certa que estas Mulheres do Vale
compreendem o coração como o lugar onde a cultura habita.
E hoje juntamente com Sônia Gabriel, Pércila, Paulo Barja, Wallace Puosso,
Roberval, Silvio Ferreira Leite, Braga Barros e todos os que amam a poesia,
celebraremos a conduta terna do encanto.
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Em dia de Pão&Poema
No inicio da noite de sábado um alerta: Macarrão tem de ir à panela!
Os meninos chegarão famintos.
Num instinto paterno o Poeta cuida de tudo, corta a cebola e os tomates vermelhos, descansa no sal a carne moída, consulta o relógio, atiça o fogo, escolhe os pratos, escorre a massa, apronta o molho e eles chegam. Viola em punho, perna tatuada, cabelos de cachos. Enchem a casa de riso. Misturam-se aos adultos como se fossem eternos, suavizando as coisas duras numa algazarra sem enfado.
Nestes dias de encontro a receita não aceita dicas. Segue solta numa postura amorosa.
Dou-me conta que a filha cresceu e trouxe para seus dias de mocidade o brilho estaloso das noites de lua, cantigas sem regras que alumiarão o asfalto de minha velhice aproximativa.
A noite assobia doce e alta. Colchões, cobertas e travesseiros improvisados adotam a sala e os três meninos se esparramam pelo chão feito batatinhas sonolentas.
Nasce o domingo e eles prosseguem burilando temas que merecem aplauso.
Pedro estica o fio das conversas de quintal e descreve com pompas o tempo que modelava para sua mãe costureira acertar os alinhavos de roupa nova, encomendada pela vizinha para a filha do meio. Aperreio infante. Dado a gargalhada ele conta-nos que insistia para que a mãe contratasse outro provador de roupas e nunca obteve êxito.
Remexe as lembranças e pausadamente fala do bausinho que ganhou de presente da avó e o irmão quebrou a tranca. Suportou a dor daquela ação danosa e só depois se vingou choroso estragando o videogame do caçula. Explica com detalhes o pano parecido com veludo que aplicou na parte interna do baú sem tranca só para este ficar mais risonho e até hoje guarda dentro dele seus tesouros bem encomendados.
Conhecendo o tempo e sua escassez de diálogos, incentivo-os a continuar.
Empenho-me na promoção de afeto que aos poucos ganha forma colorida e se multiplica.
O Stefan imita o Pedro e também abre sua caixa de história.
Revive fases de amor materno e consola-se pelas roupas de babado e franja que sua irmã lhe emprestava. Encantado com o feito, erguia os bracinhos e bailava com a contenteza de menino que tinha menos de cinco anos de idade e adorava experimentar roupas compatíveis ao gênero oposto.
Todos riem sem economia e eu lavro a percepção do quanto é importante esta unicidade.
Sinto vontade de abraça-los, impedindo-os de ir-se tão já.
Sinto vontade de pedir ternamente: Continuem assim viu? Alvejando o tempo sem negar alegria neste aprendizado necessário. Precisamos prosseguir meninos com a rareza dessa poesia humana, saltitante, encantosa e cheia de laços, franjas e bordados. É nela onde está o ouro que precisamos lapidar.
Com mais ternura
Zenilda Lua
Outono de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Os amigos e apreciadores da literatura compareceram...
