Uma pessoa do nosso meio, cuja estima é relevada, explicitou revolta em relação aqueles que se intitulam Poetas sem o ser. Não estudou Arthur Rimbaud, desconhece Ana Cristina Cesar, Claudio Willer, Torquato Neto, Fernando Coelho, Maria Firmino dos Reis, não sabe lidar com rimas e metáforas? Não pode se intitular Poeta!
Senti a responsabilidade de responder a esta querida pessoa. No começo ignorei mas, depois que vi Leonardo Boff, bem de pertinho, que pedi benção e dei cheiro na sua barba branquinha e sedosa, não sou mais a mesma. Não sou mesmo. Desde terça-feira 24 de abril de 2012 ganhei mais responsabilidade. Etimologicamente, responsabilidade também significa necessidade de dar uma resposta a uma proposta. E já que estamos condenados a conviver nesta nave-mãe Terra, de sermos preconceituosos, arrogantes, invejosos, exploradores, mesquinhos, falastrões e cruéis não há outro jeito; ou nos irmanamos ou contestamos.
Também fui burilada a martelo e talhada na pedra bruta, sofri um bocado no principio mas, depois aprendi que, estabelecer tolerância é a forma estratégica de defender a pluralidade.
Estilos de vidas, formas literárias, códigos de conduta, escalas de valores e opções diversas estão no mesmo nível. Tanto aquele que sabe fazer versos lindos, quanto o que escreve coisa-ruim- demais-da-conta merecem viver.
O trabalhador, o ocioso, o sábio, o simples, o esperto, o alienado, o artesão, o lírico, o insuportável todos são igualmente importantes. Ambos convivem, representam valores e, mostram que ainda deve haver possibilidade de melhora.
É claro que existe os mais excêntricos, excessivos, repetitivos, lustradores do próprio ego. “Para cada tipo de razão um território e uma valia”, concordei com meus botões de casa afrouxada. Lembrei-me de uma citação que meu avô gostava: as palavras DURAS incitam a ira, as BRANDAS dissipam o amargor. Com o advento do google na minha vida, foi que descobri o autor da frase: Confúcio.
Outro dia estava aplicando um teste numa dinâmica de grupo para jovens e, uma das participantes pediu-me ajuda. O grupo não sabia de quem era a frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Fiquei indignada. Como assim não sabiam? Especialmente ela que, é filha de socióloga e motorista leitor, que eu bem conheço os pais!
Não conhecer o Exupéry? Impossível uma coisa dessa! Arrogante e pretensiosa dei dicas de leitura, e falei onde poderiam alugar o DVD com a história do Pequeno Príncipe.
No final da dinâmica acontecia um sarau e, onde cada um, se desejasse, poderia demonstrar suas habilidades. Fizemos um grande círculo no meio da sala e apareceu tocadores de gaita, capoeirista, assobiador, fazedores de brigadeiro, dançadores de rua, leitores bilingues, skatista e até uma garota de mechas azuis no cabelo, boca cheia de dentes e bochechas rosadinhas que, nunca lera o Pequeno Príncipe mas, sabia fazer com papel colorido lindas libélulas de jardim e passarinhozinhos graciosos. Fez dezeninhas delas em minutos, dobrando o papel de forma ágil e assertiva. Generosa, nos presenteou com sua arte e eu fiquei mais certa que, a vida não precisa ser um vale de acidez, mazelinhas amarelas, um de cada vez. Vamos juntos! Podemos transformá-la numa casa comum, de quintal colorido e flores de cheiros, desfrutada pela convivência humana e bondade de todas as coisas.
Tudo o que vive merece viver e, “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz”.
Beijos de conduta terna e que Deus continue nos conduzindo pelos seus caminhos de preferência.
As catorze e trinta desse domingo chuvinosinho, estaremos nos reunindo na Capela do Jardim Colonial com a Mulheres do Pinheirinho.
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