Leio
para a Brisa desde quando ela ainda era uma centelhinha de luz dentro
de mim. Continua o hábito. Foi por isso que ela acertou de pronto uma
questão escolar importante referida ao conto de Guimarães Rosa, A
terceira margem do rio.
Este ano ela conclui o ensino médio e se
forma também como técnica em Meio Ambiente. Na terça-feira (ontem)
apresentou o TCC e durante as semanas que antecedeu a apresentação vivemos dias de expectativa e concentração.
Leituras diárias, treinos e latejos. Filha de peixe é cuidadosa em
excesso. O pai era assim. Tudo tinha que estar alinhado, formatado,
centralizado, brilhando.
Para minimizar a ansiedade e pegar rumo de
desconcentração traquejava alternativas diversas, lia os salmistas,
provérbios e não poderia faltar poesia, contos e crônicas escritos por
amigos.
Na véspera da terça foi a vez de Wandecy Medeiros.
Peguei o livro A verdade e outras mentiras. abri numa crônica e li em
voz alta. Wandecy fala dos ricos parasitas, estúpidos e inúteis que
existe na nossa cidade ( Patos-PB). Ele diz: “ Milionários excêntricos
não existem na minha cidade. Só ricos. E os ricos não são inteligentes
nem são ousados. São ignorantes. Nenhum vai deixar grande exemplo de
alma ou grande atitude de espírito. Vão apenas comer churrasco a vida
toda e vão deixar uma prole que continuará mantendo seus profundos
ensinamentos de inutilidades. Seus descendentes serão cheios de dinheiro
e inúteis como aquela cambada de desocupados do “Palhaço” de
Buckingham”.
Wandecy perpassa o assunto Inglês validando que a terra da rainha só produziu duas coisas boas; o amigo Pastor John Philip Medcraft e os Beatles.
Essa parte fez a Brisa sorrir com folga. Riso frouxo de quem se anima.
Apreciadora dos Beatles desde criancinha, contava as horas para ouvir
Paul McCartney que cantou ontem a noite em São Paulo após apresentação do TCC ela arrumou a mochila e com destino à Sampa partiu com Caarlos Rosa, Lucilene Dias, Lon Amorim e outros companheiros de sonoridade.
Voltaremos à leitura em breve. Um dia ainda abraçaremos o Pastor John!
Viva as amizades e as riquezas úteis.
Boa semana a Todos. Saúde e paz sem desconserto.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
Desde o primeiro anoitecer que partilhamos juntos recebi com estranheza aquela mania de vick vaporub
Ele adotava a latinha de unguento com a tradição de um religioso. Fidelidade integrada. Submissão de um dependente contrito.
A vick era como um sol para suas noites. Seu projeto de salvação e sonhos, seu romance premiado com poesia e crônica.
Ele untava as pontas dos dedos com a pomada temática e besuntava o pescoço, o peito, os lóbulos e o tecido adiposo do nariz semi- adunco. Eu mapeava os detalhes do seu hábito noturno sem achar meios para erradicá-lo.
Por quase quinze anos dormi com um poeta que recendia o cheiro de um campo de hortelã na florada mais alta.
Tentava fazer negociações estratégicas, brincava de esquecer onde havia guardado a lata. Ele sempre tinha uma de reserva e eu ficava em desvantagem.
A vick era o GPS que o ajudava a encontrar o caminho do sono, os planos de amor, as cuias de mel, a providência das palavras.
Mas algo inédito aconteceu na véspera de um feriado; sem querer ele acariciou meu olho esquerdo com os dedos lambrecados da referida pomada vickosa.
Foi um dos momentos mais agoniosos da minha estada com ele. O ardor valia por mil cebolas descascadas escorrendo seu leite em conta gotinha sobre minha íris amarelada. Meu olho virou uma bolota carmesim. Um colorau na brasa.
Ele ficou desesperado. Providenciou água, assoprou com bem força, buscou toalha que molhava na baciinha na tentativa de aliviar o incomodo e nada!
Implorou desculpas, fez eterna jura de “foi-sem-querer” e eu sabia que não foi de maldade. Ele não pertencia à classe dos que torturam.
Daquele momento em diante meu cheiro ganhou exclusividade nas noites dele. Aposentou a vick vaporub. Abandonou a contravenção. Reservou a melhor gaveta do armário para acomodá-la.
Algumas noites ainda o flagrei abrindo a latinha e aspirando a tampa.
Sem agudez do remorso eu insistia para que usasse a bendita unção medicamentosa, ele dizia não.
Tinha deixado de precisar. Passou a usar só nos dias de resfriado de quando em quando bem de lonjão e na época que o nariz entupia ou garganta ficava na inflamação.
Com o advento do câncer no pulmão e o desconforto respiratório acelerado. Comprei uma latinha de vick e o presenteei com boa intenção. Ele sorriu carinhoso e agradecido lembrou de um poema que fez noutra ocasião. Relemos o poema juntos, depois demos mais risadas.
Minha memória eliminou a precisão das datas, mas cuidou do essencial. Imortalizei o assunto junto com os amigos que conhecem essa história e o amor que nunca há de findar-se.
Ele adotava a latinha de unguento com a tradição de um religioso. Fidelidade integrada. Submissão de um dependente contrito.
A vick era como um sol para suas noites. Seu projeto de salvação e sonhos, seu romance premiado com poesia e crônica.
Ele untava as pontas dos dedos com a pomada temática e besuntava o pescoço, o peito, os lóbulos e o tecido adiposo do nariz semi- adunco. Eu mapeava os detalhes do seu hábito noturno sem achar meios para erradicá-lo.
Por quase quinze anos dormi com um poeta que recendia o cheiro de um campo de hortelã na florada mais alta.
Tentava fazer negociações estratégicas, brincava de esquecer onde havia guardado a lata. Ele sempre tinha uma de reserva e eu ficava em desvantagem.
A vick era o GPS que o ajudava a encontrar o caminho do sono, os planos de amor, as cuias de mel, a providência das palavras.
Mas algo inédito aconteceu na véspera de um feriado; sem querer ele acariciou meu olho esquerdo com os dedos lambrecados da referida pomada vickosa.
Foi um dos momentos mais agoniosos da minha estada com ele. O ardor valia por mil cebolas descascadas escorrendo seu leite em conta gotinha sobre minha íris amarelada. Meu olho virou uma bolota carmesim. Um colorau na brasa.
Ele ficou desesperado. Providenciou água, assoprou com bem força, buscou toalha que molhava na baciinha na tentativa de aliviar o incomodo e nada!
Implorou desculpas, fez eterna jura de “foi-sem-querer” e eu sabia que não foi de maldade. Ele não pertencia à classe dos que torturam.
Daquele momento em diante meu cheiro ganhou exclusividade nas noites dele. Aposentou a vick vaporub. Abandonou a contravenção. Reservou a melhor gaveta do armário para acomodá-la.
Algumas noites ainda o flagrei abrindo a latinha e aspirando a tampa.
Sem agudez do remorso eu insistia para que usasse a bendita unção medicamentosa, ele dizia não.
Tinha deixado de precisar. Passou a usar só nos dias de resfriado de quando em quando bem de lonjão e na época que o nariz entupia ou garganta ficava na inflamação.
Com o advento do câncer no pulmão e o desconforto respiratório acelerado. Comprei uma latinha de vick e o presenteei com boa intenção. Ele sorriu carinhoso e agradecido lembrou de um poema que fez noutra ocasião. Relemos o poema juntos, depois demos mais risadas.
Minha memória eliminou a precisão das datas, mas cuidou do essencial. Imortalizei o assunto junto com os amigos que conhecem essa história e o amor que nunca há de findar-se.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Agora
que o poente se acumula menos febril e já dei providência nas demandas
sociais, nos afazeres; doméstico, materno e cultural... guardo-me no
vestido velho de flor, encardido de azul e feito colibri resistente
pouso aqui.
Andei avulsa. Oculta numa liberdade simples e silenciosa. Evitei as setas xenofóbicas atiradas pelos que perambulam nos quintais das ofensas, da deseducação e desconhecimento do obvio.
Ando esquivando-me dos que preferem os Tiriricas-da-Vida e com suas garras imitam varejeiras de caverna escura, digitando aos ventos sua própria solidão.
Andei avulsa. Oculta numa liberdade simples e silenciosa. Evitei as setas xenofóbicas atiradas pelos que perambulam nos quintais das ofensas, da deseducação e desconhecimento do obvio.
Ando esquivando-me dos que preferem os Tiriricas-da-Vida e com suas garras imitam varejeiras de caverna escura, digitando aos ventos sua própria solidão.
Chorei pela passagem do Pablo Gonzalez. Conversei mais com amigos por telefone. Escrevi cartas. Voltei a fazer caminhada. Senti vontade de encontrar Wandecy . Amei ler as postagens da Valéria Tarelho. Torço com afoiteza e fé pelo nosso Ruimar Gorgonio Amorim.
Tenho ficado o máximo de tempo possível com minha Brisa. Ganhamos um pé de manacá de cheiro e iremos plantar do ladinho da horta.Projeto nascido quando Poeta ainda estava saracoteando com a gente pela Avenida Cidade Jardim. Temos sentido infinita saudade dele. Falta em demasia escondida em todos os bolsos, em todos os bocejos, pensamentos, em todas as fases da lua e vivência, mas Deus é bom e tem nos provido superação e destinos de clareza.
Continuo acreditando num Brasil independente e soberano com MENOS injustiça e MAIS Política Nacional de Participação Social. O ENEM, Pronatec e ProUni é uma realidade e continuarei votando por essas razões.
Eu e toda a minha família nordestina desde os familiares mais alonjurados nunca fomos e nem seremos, com a graça de Deus, beneficiários do Bolsa Família ou de qualquer outro Programa de Governo.
Contudo,torcemos para que se aprimorem as políticas sociais e para que os trinta e poucos milhões de brasileiros que saíram de uma situação de miserabilidade continuem fora dela.
No mais é de ouro envelhecido “a roda dentada” com que a poesia me pega, me retorce, me enverga, ensina-me salmos bíblicos e, eu deixo porque ando numa magrem de graveto secando a espera de chuva e pedindo a Deus que nunca, NUNCA me aparte do sublime mais sublime que é o olhar de vocês.
Um abraço apertado com mil fios de crochê bordadinho e carinhoso.
Amo-os. Com decreto fraterno.
Tenho ficado o máximo de tempo possível com minha Brisa. Ganhamos um pé de manacá de cheiro e iremos plantar do ladinho da horta.Projeto nascido quando Poeta ainda estava saracoteando com a gente pela Avenida Cidade Jardim. Temos sentido infinita saudade dele. Falta em demasia escondida em todos os bolsos, em todos os bocejos, pensamentos, em todas as fases da lua e vivência, mas Deus é bom e tem nos provido superação e destinos de clareza.
Continuo acreditando num Brasil independente e soberano com MENOS injustiça e MAIS Política Nacional de Participação Social. O ENEM, Pronatec e ProUni é uma realidade e continuarei votando por essas razões.
Eu e toda a minha família nordestina desde os familiares mais alonjurados nunca fomos e nem seremos, com a graça de Deus, beneficiários do Bolsa Família ou de qualquer outro Programa de Governo.
Contudo,torcemos para que se aprimorem as políticas sociais e para que os trinta e poucos milhões de brasileiros que saíram de uma situação de miserabilidade continuem fora dela.
No mais é de ouro envelhecido “a roda dentada” com que a poesia me pega, me retorce, me enverga, ensina-me salmos bíblicos e, eu deixo porque ando numa magrem de graveto secando a espera de chuva e pedindo a Deus que nunca, NUNCA me aparte do sublime mais sublime que é o olhar de vocês.
Um abraço apertado com mil fios de crochê bordadinho e carinhoso.
Amo-os. Com decreto fraterno.
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Fiz essas rimas fraquinhas, mês passado quando nosso amigo Oscar fez sua passagem.
Dedico a Angela Tuti e Eliane Fera.
Dedico a Angela Tuti e Eliane Fera.
Gente, cês nem imaginam
como o céu está contente
mais festivo e elegante
mais clarinho e diferente
filosófico e engraçado
pelos meninos da gente
como o céu está contente
mais festivo e elegante
mais clarinho e diferente
filosófico e engraçado
pelos meninos da gente
O Poeta combinou
que chegaria primeiro
com seu ar de prosador
esperançoso e faceiro
depois chamou o Oscar
cientista e companheiro
que chegaria primeiro
com seu ar de prosador
esperançoso e faceiro
depois chamou o Oscar
cientista e companheiro
Os anjos todos vestidos
com túnicas bem cintilantes
tratam com delicadeza
esses dois moços importantes
Jesus também os recebe
com seu jeito cativante
com túnicas bem cintilantes
tratam com delicadeza
esses dois moços importantes
Jesus também os recebe
com seu jeito cativante
Chama-os de filho e queridos
apresentando a morada
diz pro Poeta: Eu proíbo
cerveja de madrugada!
diz pro Oscar: Esse Sócrates
não sabia escrever nada!
apresentando a morada
diz pro Poeta: Eu proíbo
cerveja de madrugada!
diz pro Oscar: Esse Sócrates
não sabia escrever nada!
Vocês agora tomem tento
com o que vão aprontar
nada de teima ou de zanga
se sujou irão limpar
vou falar para os da terra
que eles parem de chorar
com o que vão aprontar
nada de teima ou de zanga
se sujou irão limpar
vou falar para os da terra
que eles parem de chorar
Eles parem de chorar
que tudo aqui é melhor
não tem mais câncer, nem funck
razinzas de cafundó
o barulho mais ouvido
é canto de rouxinol
que tudo aqui é melhor
não tem mais câncer, nem funck
razinzas de cafundó
o barulho mais ouvido
é canto de rouxinol
Não há fofoca nem dor
contas pra pagar? Tem não
não há pirraça, ou inveja
avareza, maldição
só bem querência celeste
e amor de coração.
contas pra pagar? Tem não
não há pirraça, ou inveja
avareza, maldição
só bem querência celeste
e amor de coração.
Um abraço em Todos.
A Saudade amorosa continua abundante aqui na minha roça...
A Saudade amorosa continua abundante aqui na minha roça...
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Se ao menos você não tivesse sido esse moço tipicamente bom e bem humorado. Se não tivesse me amado tanto e sido tão fiel sempre.
Se ao menos você tivesse dado algum motivo para zangar-me contigo, tivesse sentido ciúmes, ou alteado a voz quando minha pessoa entupia a pia com talinhos de macarrão e casca de cebola...
Se ao menos você tivesse esquecido alguns detalhes; datas, providências, mas você cuidou de tudo e nunca esqueceu nada. Se os teus sinais não estivessem tão impressos em todos os nossos locais de acesso, eu e Brisa até poderiamos ir ao SESC tomar um café, ver o por de sol no deck do Banhado, poderíamos ir ao Mercadão tomar um pingado com pastel de queijo bem tostadinho ou passear no Parque Vicentina Aranha, fotografar as galinhas de angola que engordam com sementinhas de capim. Mas em todas as portas tem seus recados. Em todas as fontes tem seu respingo, em todas as feiras tem flor e caqui. Em toda melodia tem as claves que você gostava. O jeito é ficar nessa lonjurona de céu em silêncio com os olhos cheios do aroma de seu hálito.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Ela abre meu dia com a ponta do olhar mais raro.
Identifica-se com meus querubins e quimeras.
Faz cantiga de realejo pontilhada de saudades.
Chora comigo pelo fio da presença que o tempo nos privou.
É de princípios íntegros bem puxados pra ternura.
Ajuda-me a perceber que somos uma unidade de sentidos. Perdoa minhas falhas, lacunas e defeitos. Vive a perder coisas; meias, livros, lixa de unha, prendedor de cabelo.
Não é dada às planilhas e números. Aprendeu com o pai as escolher as metáforas que libertam. Aprendeu comigo a importância de conhecer os salmistas. Não gosta do assédio das borboletas e detesta gaiolas. Ajusta meus caminhos, me cura com suas setas e pomadas de estribilho.
Recita poemas, contorna minhas pedras, dar palpites de elevo e ultimamente anda elogiando minha comida.
Vem da linhagem dos que ousam e, dedica-se ao esmero dos detalhes.
Sua luz de suavidade vai sempre conservar a epiderme onde broteja todos os meus sonhos.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Fiz uma jantinha de simpleza. Igual as que ele fazia. Na hora de separar a porção para o almoço de amanhã, meus olhos viraram uma cacimbona funda e cheia.
"Seu amor é cebola cortada meu bem/que logo me faz chorar/ Seu amor é espinho de mandacaru que eu gosto de me arranhar". Um beijo em todos de carinhoso tempo. Cuidem bem do seu amor...
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
“Liberdade na vida é ter um amor pra se prender”.
Eu tenho você em todas as minhas práticas e pensamentos. Na urgência de cada detalhe, no remancho delicado das incertezas. Tenho você no gotejar da calha, no chiado da panela de pressão e no chegar das correspondências. Tenho você nas músicas da Tulipa, no barulho do portão, no andejar de Deus pelo meu coração.
Lhe tenho também nas receitas, nos vidros de medicamentos pela metade e nos brotinhos da calêndula branca que dia sim e dia não eu molho-os.
Tenho você nas assinaturas e em todos os traquejos de melhora.
Fiz um cordel pra ti, bem de simpleza e rima fraquinha como você diria:
"Fazer rima desse jeito
não tem futuro nenhum
é churrasco sem linguiça
é horta sem jerimum"..
Eu tenho você em todas as minhas práticas e pensamentos. Na urgência de cada detalhe, no remancho delicado das incertezas. Tenho você no gotejar da calha, no chiado da panela de pressão e no chegar das correspondências. Tenho você nas músicas da Tulipa, no barulho do portão, no andejar de Deus pelo meu coração.
Lhe tenho também nas receitas, nos vidros de medicamentos pela metade e nos brotinhos da calêndula branca que dia sim e dia não eu molho-os.
Tenho você nas assinaturas e em todos os traquejos de melhora.
Fiz um cordel pra ti, bem de simpleza e rima fraquinha como você diria:
"Fazer rima desse jeito
não tem futuro nenhum
é churrasco sem linguiça
é horta sem jerimum"..
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Sempre viajemos nas férias. Em 2011 num consenso amoroso
tirou licença de mim. Deixei-lhe avulso na brancura das certezas. Pegou o
primeiro voo promocional e se despejou na Paraíba. Foi parar em Patos. Na casa
de minha mãe alinhou panelas, fez sopa de costela, encontrou meus irmãos, tias
e primos. Visitou amigos fez cantoria na praça. Visitou as praias que
gostávamos. Desembaraçado e festivo me ligava toda hora dando conta do amor e
acolhimento que lhe embrulhavam. Só anoitecia bem tardão na algazarra dos
encontros e churrasquinhos surpresa. Uma semana e meia na solteirice não
encontrou o plano superior de contentamento que buscava e antecipou a volta
alegando falta do vick vaporub que esqueceu em casa e a
tristeza de olhar a igreja de nossa cidade e não ver mais o relógio que
ajustava o sino para tocar de hora em hora. Eu bem que não acreditei nessa versão poetisada.
terça-feira, 8 de julho de 2014
“Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
leve os olhos meus
que a saudade dói latejada...”
Antes do fim beijei-lhe a ponta do ombro direito e os dedos. Pudesse teria doado um rim, um pulmão e metade do fígado porque meu coração sempre foi dele.
Amigos-Irmãos!
Poderia ficar em silêncio, não acessar o face, mas vocês são laços que nos fortalecem, amores certeiros que nos preenchem na delicadeza desse tempo.
A bondade de Deus nos regenera nos apresenta um sol e céu repletos de razão para prosseguirmos ainda que minha alma pareça um casulo trincado de brasa.
Não posso deixar de estender aqui minha infinita gratidão.
Obrigada equipe SESC com vocês aprendemos que amor eterno também se constrói com afetos assim.
Obrigada equipe ADC-CTA. Robson você foi mais generoso que presidente. Eu nunca vou esquecer sua bondade
Obrigada Super Tuti com você aprendi que amor também é sinônimo de suplício, martírio e disputa. Ainda vou me jogar aos seus pés com mil rosas des-roubadas.
Obrigada Ze Almeida por conhecer os latejos de minhas aflições desde o tempo da fazenda de flores, onde borboletas clarinhas e azuladas brincavam de apostar corrida com a gente.
Obrigada Francisco Almeida por todas as palavras sábias, pelos telefonemas no meio das tardes. Por secar meu choro nas escadas cinza. Por me ensinar que todo começo tem a lentidão doce do fim. Obrigada Oswaldo por correr contra o tempo e também me emprestar suas asas Ricardo por nos sugerir compensações adornadas de aconchegos.
Obrigada Brisa minha pequenina e grande profetisa notável. Com você aprendi que em algumas tardes o cheiro da respiração vale mais que um abraço. Priscilapelas rosas e aromas aliviando a manhã domingueira.
Obrigada Amigos TODOS sem exceção, sem esquecer nenhum mesmo. Com vocês por perto eu ganhei a força do amor fraterno que bem aventura, que vem com todo cuidado e faz a chama da esperança crescer como se fosse o arco da promessa que a gente pintou de azul para durar, mas invés de durar ficou encantado e avoou feito um querubim pro lado de lá. Agora anda por um jardim em flor, chama os bichos de amor e tem olhos que é puro mel.
Amo vocês. Amo mesmo
Quando ele descobriu
meu sobrenome, minha inclinação lunática e minha natureza desprovida de
milagres deu-me um codinome e tratou de fazer uma trilha sonora para nossa
história. Escolheu músicas com letras que exaltava a lua e gravou em fitinhas cassete que chegavam pelo correio nos embrulhos mais
bem preparados que já recebi.
“Menina do anel de lua e estrela”
... “mente quem diz que a lua é velha”.
... “A Lua e eu”... E assim foi e assim somos.
Deus bem sabia o que estava fazendo. Todo aquele avolumar de amor me pôs no caminho certo.
Casamo-nos quando vesprava o outono de noventa e quatro. Na fase minguante da lua. Sem chá de cozinha, sem pompa e sem padre. Na simpleza dos sonhos e abundância de bênçãos.
Na parede da sala com o esmero dos que nunca se aborrecem ele desenhou uma “Quarto Crescente” que o Carlinhos Tomé pintou de preto brilhante e bem vivo. Vinte anos passaram-se. Vendemos a casa e adquirimos outra.
Desobedecendo aos cuidados e orientações da equipe médica esta semana ele deixou o repouso. Atravessou a avenida com um pendrive no bolso e alguns trocados.
Encomendou CAPRICHO ao mocinho da gráfica que de tardezinha entregou a arte pronta.
Fomos sorridentes para o novo lar. Antes do sol apoentar-se todo chegamos ao destino.
Subi com as caixas de livros, sacolas de miudeza e panos de chão (ainda não mudamos), quando percebi ele todo cuidativo e concentrado adesivando a parede pintada de verde clarinho disparei a foto.
Sou tão chegada às lágrimas que ao ver esta cena tremulei a voz, mas recuperei em seguida e suave feito imperatriz próspera declarei:
Amor de minha vida, uma vez o sonho encheu minha noite, vazou para meu dia, represou minha vida e é dele que vivo... “por onde for quero ser seu par”.
“Menina do anel de lua e estrela”
... “mente quem diz que a lua é velha”.
... “A Lua e eu”... E assim foi e assim somos.
Deus bem sabia o que estava fazendo. Todo aquele avolumar de amor me pôs no caminho certo.
Casamo-nos quando vesprava o outono de noventa e quatro. Na fase minguante da lua. Sem chá de cozinha, sem pompa e sem padre. Na simpleza dos sonhos e abundância de bênçãos.
Na parede da sala com o esmero dos que nunca se aborrecem ele desenhou uma “Quarto Crescente” que o Carlinhos Tomé pintou de preto brilhante e bem vivo. Vinte anos passaram-se. Vendemos a casa e adquirimos outra.
Desobedecendo aos cuidados e orientações da equipe médica esta semana ele deixou o repouso. Atravessou a avenida com um pendrive no bolso e alguns trocados.
Encomendou CAPRICHO ao mocinho da gráfica que de tardezinha entregou a arte pronta.
Fomos sorridentes para o novo lar. Antes do sol apoentar-se todo chegamos ao destino.
Subi com as caixas de livros, sacolas de miudeza e panos de chão (ainda não mudamos), quando percebi ele todo cuidativo e concentrado adesivando a parede pintada de verde clarinho disparei a foto.
Sou tão chegada às lágrimas que ao ver esta cena tremulei a voz, mas recuperei em seguida e suave feito imperatriz próspera declarei:
Amor de minha vida, uma vez o sonho encheu minha noite, vazou para meu dia, represou minha vida e é dele que vivo... “por onde for quero ser seu par”.
15-05-2014.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Queridos; amigas, amigos e familiares
Todas as orações, pensamentos, torcida e poemas estão sendo
ouvidos e transformados no maior milagre que podíamos receber. O milagre da
vida.
Diante de toda complexidade, incertezas e riscos,inexplicavelmente
o Poeta está bem. Está na UTI, mas está
bem. Eu lhes asseguro com a maior porção de amor que um coração pode guardar.
Nosso Deus é poderoso!
É o Deus do impossível! É aquele que disse EU SOU. Sou o caminho, a
verdade e a vida.
Quando não havia mais caminhos ELE apareceu e cavoucava uma
trilha por onde passamos todos esses dias. Quando a verdade era apresentada na
forma mais saudosa e dolorida ELE trouxe o bálsamo e as pomadas curativas e
suspendeu todas as fadigas e devolveu o fôlego e botou cor nos lábios e os olhos se abriam para outra
verdade.
Quando a vida foi um fiozinho tênue de um sono constante e
silêncio tristonho eu pedi socorro e ELE também veio madrugada a dentro e soprou
vida e o Poeta sorriu e pediu comida e deu caminhadinha pelo quarto aceso.
Ontem passaria por um procedimento cirúrgico de urgência.
Ficou catorze horas em jejum e no centro cirúrgico a equipe percebeu um baixo
índice de saturação de oxigênio. Me chamaram as pressas para informar da
suspensão de cirurgia. Permaneci do lado de fora mais de uma hora encostada na
parede escutando o tilinar das decisões e entregando-o ao nosso Deus.
Quando pude entrar para acompanha-lo até a UTI ele estava
sorrindo e tremendo. Pus a mão na testa pálida e ele disse todo prosador
imitando o Chicó do Auto da Compadecida: “É fome”.
Fui junto até o quarto da Unidade de Terapia Intensiva
segurando no seu braço magrelo e todo
picado de agulhadinhas. Conscientíssimo e falador lembrou-me de todas as contas
a pagar, das desmarcações de consultas, do licenciamento do carro, dos
consertos domésticos e de outras coisinhas aleatórias.
Permaneço aqui certa que o meu milagre está chegando na
inteireza dos dias, no avivar das promessas, na piedade de Deus e nos acenos
amorosos de vocês.
Um abraço de irmã, apertado com mil lágrimas de esperança a
vazar pelos olhos.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Meu namorado não manda flores. Nunca me deu sequer um botãozinho de rosa
amarela de antes-de-ontem, um dentinho de leão desses que nasce singelo nas
brechinhas das fontes. Uma calendulazinha, um vasinho de fortuna, uma violeta
roxa... Nada.
Diz que por respeito e amor não compra, não arranca não
envia flor. Em compensação sempre fez feira de estrela e me guarneceu com
palavras de ponteio amoroso, cativos,
incentivos, enfeites, quermesse, quimera e querubim.
Não me deu uma margaridinha do campo, mas me presenteou com
uma Brisa sonora e suave. Educada, próspera e próxima. Minha petalazinha de
gente linda e amada pra sempre.
Ele também me deu uma janela com vista para o nascer da lua.
Bem rente ao açaizeiro onde os passarinhos em folguedos faz cantoriada.
Meu namorado sempre foi minha certeza mais bem aventurada.
Clarão de meus sonhos. “Rima rica, joia rara”.
Abracinho de AMor em ToDos!
terça-feira, 10 de junho de 2014
Senhor
cicatriza-me
polinize meus achados
dissolva minhas suspeitas
meu agora mesclado
pregue nos meus olhos sua lâmpada e cálice
transforme meu coração no seu paninho de enxugo, no seu lenço acenado.
Habilite-me Senhor para receber o silêncio que nasce no exílio, nas lembranças que escorrem dourando as pontes e nos vestidos de flor de antigueiras tardes.
Há tempos não molhei na roça madura meu milho ondulado.
Ele anda raioso a secar de forma natural no paiol da poça abafada.
Um beijo em TODOS.
Deus seja louvado.
cicatriza-me
polinize meus achados
dissolva minhas suspeitas
meu agora mesclado
pregue nos meus olhos sua lâmpada e cálice
transforme meu coração no seu paninho de enxugo, no seu lenço acenado.
Habilite-me Senhor para receber o silêncio que nasce no exílio, nas lembranças que escorrem dourando as pontes e nos vestidos de flor de antigueiras tardes.
Há tempos não molhei na roça madura meu milho ondulado.
Ele anda raioso a secar de forma natural no paiol da poça abafada.
Um beijo em TODOS.
Deus seja louvado.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Ele não revidou. Foi logo desenvolvendo a alegria que lhe é inata:
“Rádio-cirurgia Doutô? Vambora então! Quero é acabar com esses bicho tudo”. O
médico radioterapeuta sorriu. Eu fiz silêncio e fiquei com vontade de fazer
mais perguntas sobre as novas metástases, mas considerei
as orientações e guardei a curiosidade no embornal dos excessos.
Voltei para casa naquela primeira quinta-feira com outro tipo de certeza: Precisava ser mais persistente na fé e perder o medo de dirigir em São Paulo. Sempre me assustei com o tamanho da cidade, o trânsito, o mundaréu de gente, a frialdade do concreto e a danação frenética de todo o vai-e-vem. Falei pra Deus: "Pai eterno como vou conseguir esgarçar todos esses guetos e fortalezas? Como vou dar conta de chegar ao nosso destino sem me perder, sem esquecer os atalhos, as setas, os detalhes das entradas enviesadas"?
O terceiro subsolo do Hospital da Beneficiência Portuguesa mais parece um coração de um milhão de artérias pulsando na agoridade das horas. Dispensei o pensamento logístico de partidas e chegadas. O sossego veio simples e integrado. Os amigos mais uma vez tomaram partido e fizeram de nossa causa um revezamento consensioso. Disponibilizaram-se sinceros e amorosos. Remanejaram suas agendas e compromissos. Transferiram os afazeres para outros dias e horários e como num portal de delicadezas e bondades transbordantes efetivaram a prática mais cuidativa que vivenciei.
Oswaldo Jr. Lucas, Ricardo, João Gambini, Paulo Henrique todos ali ofertando companhia e cuidados. Valeria e Fábio Ramos na condução assertiva, na sala de espera, nos corredores iluminados, nos almoços bem corridos e nas risadas hospitalar. Só precisei faltar no trabalho duas vezes. Fui acudida diariamente por anjos risonhos feitos de amor genuíno que levavam, traziam e cuidavam do meu precioso bem. Fazendo positivo todo o procedimento novo. Fechamos o ciclo. O desconforto foi mínimo. As dores pontuais, mas suportáveis. O cansaço só um pouco e a vontade de vida abundante.
Devagarinho bem de porçãozinha volta o aroma da poesia. Arejos da providência divina. Clarão menor de temor e crivos. Cantiga de passarinhos no açaizeiro e gerânios encomendados para enfeitar a janela do quarto...
Minha alegria também consiste em vê-lo descer a ruazinha de pedra para buscar o pão, pisando na barra do moletom surrado que sem pretensão vai enxugando o sereno das calçadas silenciosamente.
Observo-o e amo-o com o mesmo zelo dos que em tudo aprendeu a criar esperança.
Um abraço longo e apertado em TODOS.
Saudades muitas.
Voltei para casa naquela primeira quinta-feira com outro tipo de certeza: Precisava ser mais persistente na fé e perder o medo de dirigir em São Paulo. Sempre me assustei com o tamanho da cidade, o trânsito, o mundaréu de gente, a frialdade do concreto e a danação frenética de todo o vai-e-vem. Falei pra Deus: "Pai eterno como vou conseguir esgarçar todos esses guetos e fortalezas? Como vou dar conta de chegar ao nosso destino sem me perder, sem esquecer os atalhos, as setas, os detalhes das entradas enviesadas"?
O terceiro subsolo do Hospital da Beneficiência Portuguesa mais parece um coração de um milhão de artérias pulsando na agoridade das horas. Dispensei o pensamento logístico de partidas e chegadas. O sossego veio simples e integrado. Os amigos mais uma vez tomaram partido e fizeram de nossa causa um revezamento consensioso. Disponibilizaram-se sinceros e amorosos. Remanejaram suas agendas e compromissos. Transferiram os afazeres para outros dias e horários e como num portal de delicadezas e bondades transbordantes efetivaram a prática mais cuidativa que vivenciei.
Oswaldo Jr. Lucas, Ricardo, João Gambini, Paulo Henrique todos ali ofertando companhia e cuidados. Valeria e Fábio Ramos na condução assertiva, na sala de espera, nos corredores iluminados, nos almoços bem corridos e nas risadas hospitalar. Só precisei faltar no trabalho duas vezes. Fui acudida diariamente por anjos risonhos feitos de amor genuíno que levavam, traziam e cuidavam do meu precioso bem. Fazendo positivo todo o procedimento novo. Fechamos o ciclo. O desconforto foi mínimo. As dores pontuais, mas suportáveis. O cansaço só um pouco e a vontade de vida abundante.
Devagarinho bem de porçãozinha volta o aroma da poesia. Arejos da providência divina. Clarão menor de temor e crivos. Cantiga de passarinhos no açaizeiro e gerânios encomendados para enfeitar a janela do quarto...
Minha alegria também consiste em vê-lo descer a ruazinha de pedra para buscar o pão, pisando na barra do moletom surrado que sem pretensão vai enxugando o sereno das calçadas silenciosamente.
Observo-o e amo-o com o mesmo zelo dos que em tudo aprendeu a criar esperança.
Um abraço longo e apertado em TODOS.
Saudades muitas.
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