segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Se ao menos você não tivesse sido esse moço tipicamente bom e bem humorado. Se não tivesse me amado tanto e sido tão fiel sempre.

Se ao menos você tivesse dado algum motivo para zangar-me contigo, tivesse sentido ciúmes, ou alteado a voz quando minha pessoa entupia a pia com talinhos de macarrão e casca de cebola...

Se ao menos você tivesse esquecido alguns detalhes; datas, providências, mas você cuidou de tudo e nunca esqueceu nada. Se os teus sinais não estivessem tão impressos em todos os nossos locais de acesso, eu e Brisa até poderiamos ir ao SESC tomar um café, ver o por de sol no deck do Banhado, poderíamos ir ao Mercadão tomar um pingado com pastel de queijo bem tostadinho ou passear no Parque Vicentina Aranha, fotografar as galinhas de angola que engordam com sementinhas de capim. Mas em todas as portas tem seus recados. Em todas as fontes tem seu respingo, em todas as feiras tem flor e caqui. Em toda melodia tem as claves que você gostava. O jeito é ficar nessa lonjurona de céu em silêncio com os olhos cheios do aroma de seu hálito.

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