quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Ela abre meu dia com a ponta do olhar mais raro.
Identifica-se com meus querubins e quimeras.
Faz cantiga de realejo pontilhada de saudades.
Chora comigo pelo fio da presença que o tempo nos privou.
É de princípios íntegros bem puxados pra ternura.
Ajuda-me a perceber que somos uma unidade de sentidos. Perdoa minhas falhas, lacunas e defeitos. Vive a perder coisas; meias, livros, lixa de unha, prendedor de cabelo.
Não é dada às planilhas e números. Aprendeu com o pai as escolher as metáforas que libertam. Aprendeu comigo a importância de conhecer os salmistas. Não gosta do assédio das borboletas e detesta gaiolas. Ajusta meus caminhos, me cura com suas setas e pomadas de estribilho.
Recita poemas, contorna minhas pedras, dar palpites de elevo e ultimamente anda elogiando minha comida.
Vem da linhagem dos que ousam e, dedica-se ao esmero dos detalhes.
Sua luz de suavidade vai sempre conservar a epiderme onde broteja  todos os meus sonhos.

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