segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
Na compartilhação dos gestos somos todos sujeitos de direitos, esperançosos e criativos. Recolhendo os bons sinais das vias, amparados aos amigos sob o arco-íris da boa vontade e da benevolência divina.
Foram muitos e levara sua alma, sua feitura de dizeres, seu canto, seu silêncio e abraço.
Eu sei que permanecerão incontáveis diferenças internas mas JUNTOS somos mais fortes e bonitos!
Eu sei que permanecerão incontáveis diferenças internas mas JUNTOS somos mais fortes e bonitos!
Participamos com Poesia nos Pratos e foi muito válido!
Há dezesseis anos e nove meses completos, uma centelha de vida da mais alta sorte alojou-se em mim.
Eu que mais parecia uma vassoura na chuva, um graveto pendendo seco no estalo do tempo, passei a entender a valia do sagrado que Deus estendia-me com as duas mãos.
Dei de comprar vestidinhos bordados, sapatilhazinhas, bonecas de retalho, presilhinhas de cabelo.
Dei de querer pintar paninhos cheirosos para sua chegada.
E ela chegou numa esperada manhã de dezembro, pelas mãos cuidadosas da Dra. Denise, em meio à declamação e improviso de versinhos simples, num parto normal de apoucada dor.
Segurei-a no colo sem qualquer talento para explicações, porém certa que todas as dúvidas relacionadas ao amor, desapareceram pela infinita luz daquele olhar moreno tão puxado para o pai.
Foi assim Filha, que fizestes de minha vida um carrossel luminoso de acontecimento feliz.
Deixastes tudo ilustrado pela tua cor e cheiro.
Pelos teus passos, voz, livros, músicas, pedidos, cochilos e, principalmente pelo perdurar do teu riso doce.
Abonastes minha falta de traquejo para certos ritos, perdoastes minhas ausências, encheste-me de esperança com teus desenhos e dizeres de amor. Brincastes de correr comigo pelas viseiras da luz.
Brincamos de escutar o assobio das árvores, de acalmar o rio, de tanger borboletas, de plantar tomates, adivinhar canções e contar estrelas.
Segurando minha mão visitastes catedrais, templos e casinhas tristes nos fundões dos brejos.
Hoje compreendes a importância de um vaso sem flor e de um chão vazio.
Sofres quando proíbem as auroras.
És de bondade no estado genuíno das coisas.
Por isso estendo a minha manta preferida para te sentares com teus amigos no bosque, carrego teu violão e a capa de chuva, seguro o pratinho com tinta retinta para pintares o rosto de tristeza pelas injustiças dos avaros, levo água na garrafinha azul, para se acaso a tarde seca, lhe trouxer mais sede.
Sou planta cativa dos teus sonhos Filha!
A tua canção envolve todos os meus ramos. Torna-os festivo para te esperar.
E eu te esperarei sempre. Na posição materna de paciência e agrado.
Sofro com a possibilidade da tua ausência em minha vida.
Porque você me ensinou a ser muito melhor.
Reintegras minha essência, salva a poesia que às vezes julgo esvaída do meu coração desmiolado, cingido e acalentado pela sonoridade da tua voz, pela coleção de suas verdades, causas e singeleza.
Brisa, levo-a comigo por todos os meus alqueires, alarde, silêncio e roseiral.
Amo-te filha com um amor tão absoluto que me calo e acabo chorando, repleta.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Em meados de Setembro recebi um
telefonema da Professora Vanessa Santos, dando-me ciência de uma empreitada
literária e convidando-me para fazer parte dessa alegria. É claro que disse
SIM. Li e reli cada poema. Dialoguei com os alunos, participei de saraokê
realizado na Livraria Maxsigma e estive presente no lançamento do Livro que
aconteceu Quinta-Feira (06/12) na Escola Sônia Maria do Bairro Novo Horizonte. Escrevi algo nessas horas não consigo fazer silêncio.
O livro Paradoxo da Adolescência é um
projeto que nos enche os olhos e deixa a alma repleta de certezas.
“Às vezes é preciso esquecer o
aprendido que nos fez adultos para enxergar o mundo com novos olhos”.
É preciso enxergar a dor, a paixão, o
luto, a esperança, o desejo, as mágoas, a mais festiva das contentezas através
dos olhos de Beatriz, Brenda, Cathy, Eduarda, Giovane, Ingrid, Lawanda,
Leonardo, Letícia, Lucas, Luis Felipe, Natanael, Pedro Henrique, Rafaela,
Rochelle e Tahyane.
Jovens tomados pelo processo mágico que
a palavra desperta e nos faz acreditar que estamos destinados a voos mais
altos, a saltar sobre abismos, a visitar mundos inexistentes. “pontes de
arco-íris que ligam coisas eternamente separadas”.
Jovens que nos comprova que o encontro
gera o equilíbrio e nos faz esquecer a precarização educacional, as mazelas
sócio-cultural, a falta de acesso, de afeto, de possibilidade. As
desconstruções familiares, as lágrimas e as chagas. E pelo poder da palavra esses Jovens nos levam a navegar com as nuvens, visitar
estrelas, mergulhar no fundo dos rios e mares, visitar pirâmides e catedrais,
ouvir corais e suspiros de lágrimas abafadas, ver homens trabalhando e amando,
ler as canções que escreveram e com elas aprendermos que a vida se registra na
generosidade das coisas.
O que estamos lendo agora poderá ser
matéria prima do futuro. Se depender desses Jovens estou certa que
haverá mais saudade que lamento, mais êxito que remorso, mais afeto que conflito,
mais abraços que silêncio.
Porque como disse o Grande Mestre Paulo Freire é na intimidade das
consciências, movida pela bondade dos corações que o mundo se refaz. A educação
modela as almas e recria corações. A educação é a alavanca para as mudanças sóciais.
Por isso entre o avesso e o sonho garotas e garotos pintaram o invisível de uma
cor nova e bonita e ficou tão lindo de ver que até parece presságio
de amor caprichoso.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Um cordel para Paulo Barja
Numa noite enluarada
o telefone tocou
era a Sônia Gabriel
me pedindo com amor
um cordel bem preparado
para um poeta doutô
fiquei emocionada
com aquela incumbência
muita responsabilidade
um tanto de experiência
careço de mais melhora
Sônia, tenha paciência
Contudo, essa pessoa
a receber meu cordel
é de longe tão querida
bem merecida de céu
da gaveta tiro o lápis
muitas palmas e meu chapéu
Braulio Tavares me acuda
Janduy Dantas também
Ivanildo Vila Nova
Os Nonatos e mais uns Cem
que se utilizam de rimas
para enaltecer alguém
Logo esse alguém minha gente
é um ser especial
um professor um amigo
um cidadão de moral
um defensor de direitos
de cultura e paz global
Ele nasceu lá em Santos
cidade de alto mar
praia linda, sol brilhante
muita coisa a declarar
se diz feliz e santista
de time e de lugar
apaixonado por letras
e cultura popular
é músico, mestre,poeta
de Adriana é o par
é também pai de Bebel
Paulo Barja venha cá!
Venha aqui, de-me um abraço
deixe-me representar
esse povo que lhe ama
e que adora te ouvir cantar
declamar no megafone
e com a gente caminhar
Deus te proteja e te guarde
de todo mal desse mundo
ainda bem que viestes
trazendo afeto profundo
muita rima e alegria
conhecimento fecundo
que a flor da humildade
não se apague do jardim
que é o seu coração
bandeira branca, marfim
braço aberto pros abraços
migração de querubins...
com sotaque de sertão
e sobrenome de Lua
deixo-lhe com as palavras
porque a Ciranda é sua!
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Há dias uma fisgada na coxa esquerda.
Ortopedista, raioX, compressinha de água morna e nada.
Mais uma fisgada, fina, intensa, relampejada.
Cardiologista. Aferição da pressão arterial. Eletrocardiograma. Ecocardiograma e nada.
Virei agasalho puído e mofado na escuridão da cova úmida. Calada.
Ortopedista, raioX, compressinha de água morna e nada.
Mais uma fisgada, fina, intensa, relampejada.
Cardiologista. Aferição da pressão arterial. Eletrocardiograma. Ecocardiograma e nada.
Virei agasalho puído e mofado na escuridão da cova úmida. Calada.
Mais uma fisgada no meio do cocoruto como dizia meu pai.
Aí meu Pai!
Deus seja louvado, na cabeça não!
Em tudo menos na cabeça.
Aí meu Pai!
Deus seja louvado, na cabeça não!
Em tudo menos na cabeça.
Perder o juízo é sumir depressa na aridez de um velho cano rachado.
Jesus misericordioso não posso ir-me assim tão despreparada.
Consulta marcada com neurologista.
Caule amolecido e vigília florescente.
É a vida, é a idade, as fadigas diárias, a cangalha rangendo no breu das rochas.
Amanhã tenho compromisso inadiável.
Quarta-feira tem Ciranda de Poesia porque românticos NÃO são poucos e, aquela casa "Ponto de Cultura Bola de Meia" vai enche-se mais de História.
Viva Sônia Gabriel!
Jesus misericordioso não posso ir-me assim tão despreparada.
Consulta marcada com neurologista.
Caule amolecido e vigília florescente.
É a vida, é a idade, as fadigas diárias, a cangalha rangendo no breu das rochas.
Amanhã tenho compromisso inadiável.
Quarta-feira tem Ciranda de Poesia porque românticos NÃO são poucos e, aquela casa "Ponto de Cultura Bola de Meia" vai enche-se mais de História.
Viva Sônia Gabriel!
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Já havíamos comprado passagens, escolhido a roupa do dia, preparado o espírito para o maior encontro do ano e continuávamos;
eu e a irmã, negando a possibilidade de ida. Todas as desculpas cabiam nos telefonemas; hora por conta do trabalho, hora por ser economicamente inviável, hora porque NÃO, ora!
Eles faziam silêncio e, carinhosos, diziam compreenderem o descomparecimento. Mas não entenderam quando aparecemos de surpresa no meio do salão branco todo enfeitado de flor e, estendemos os braços para o abraço mais despossuido de posses e mais festivo de toda essa vida. Lágrimas sinceras orquestraram aquele momento. O coração mais parecia boiada em galope que um músculo vital embalando o peito.
Estávamos os seis de novo envolvidos pelo enlaçar do amor. O amor genuíno da matriz primeira. O amor que transborda, reveste, consagra, integra, reforça as batidas cardíacas e os pisões na unha do dedão. Justifica a colmeia bulinada com as pedras da coivara, a tapioca cozida no respiradouro da fornalhinha, o roubar das frutas de Tia Anália, os peixes do poço de Seu Zezito e nenhuma chinelada. Meus irmãos e eu, minha mãe e eles. O único sobrinho, as cunhadas, o cunhado, o Tio que nos deu de presente a primeira bicicleta. Minha alma de beradeira voltava para o reflorescer do brejo (no tempo em que havia invernada) o milho embonecado e as outras safras descansando no paiol, o alpendre que cheirava manjericão e malva braba. O recreio no terreiro rústico, o ciscar das galinhas e a pintaiada. A leitura de cordéis, a oraçãozinha para o anjo guardião que o pai ensinava. - “Santo anjo do Senhor meu zeloso guardador” - ... e as humildes solidariedades. Tudo estava ali sobrepujando naquele salão branco enfeitado de flor.
A mãe deu o braço esquerdo à ele e caminharam suavemente para onde estava o Juiz. Os padrinhos também adentraram e a noiva que mais parecia uma princesa com hábito sereno, chegou pontualmente cheirosa a sorrir.
Apanhada de sol sem conseguir fechar a torneira das lágrimas permaneci encostada na claridade daquela manhã, enquanto o responsável pela trilha sonora do evento, cantava aumentando a percepção das garantias divinas: “Nem mesmo o céu nem as estrelas nem mesmo o mar e o infinito não é maior que o meu amor nem mais bonito...”
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Há dias sofro de lonjura. Sofro de vontade bruta, profunda, cortante e única.
Há dias penso no menino que balancei na rede, que botei pra dormir,
que dei banho quebrando a frieza da água do pote com água amornada na chaleira velha na casa da Vó.
Mingau de arrozina em colheradinhas.
Cantiga de roça invés de ninar.
Nas primeiras leituras cartilha bordada e Pequeno Príncipe.
Penso no menino de olhar suave e voz mais bonita de se escutar, que decretou festa em meu coração com suas notícias de coragem. Meu menino virou moço foi da Teologia a Filosofia, da Psicanálise a especialização mais elevada.
Virou Mestre na categoria de AMAR.
Daqui a pouco esse menino emoldura o arco da promessa.
Vai viver com um anjo de verdade a andará de mãos dadas, juntos enlaçados pelos canteiros sonoros de hospitaleiros jardins.
Eu fico por aqui com o coração marejando de emoção, desejando abraçá-los com a força maior que a alma pode guardar.
Olhos cheios d’água e certeza:
Se o correio não atrasou ao menos meu verso chegará inteiro aos olhos/ouvidos deles.
Numa outra hora de posse e cheiros declamarei o Soneto da Fidelidade, e numa rede avarandada de cor macia cantarei cantiguinhas de ninar e lerei estórias para o sobrinho, filho ou filha do meu irmão que não é mais menino...
É de Rafaella!
domingo, 11 de novembro de 2012
De novo fomos para o parque com cantigas e poemas. A aceroleira carregada, as flores amarelas cingindo tudo, os manacás de cheiro e os da serra, carrapateiras cacheadas e colibris ... além de amoras,frutinha são caetano e o chilrear sonoros das sabidas Bem-te-vis... Os amigos também apareceram! Eita que festejança!
domingo, 4 de novembro de 2012
A mãe adquiriu uma gata.
Buliçosa, mais Alva que amarelada. Deu-lhe o nome de Branca. Ativa e saudável
vivia pulando nos pés de malva e bebendo água onde não devia.
A cada dois anos voltamos em casa para rever os familiares;
mãe, irmãos, tias, tios, amigos e a primaiada que amo tanto. Ano passado
resolvemos ir no Final do Ano para Patos. Passaríamos as Boas Festas por lá.
Tudo alegre, festivo e completo não fosse a mãe descobrir
que a ceia de Natal seria na casa do irmão mais velho e que Branca teria que
ficar só em casa. Queria porque queria leva-la no colo, ajeitar um cantinho no
banco atrás do carro.
Com esforço de sol, convencemos a mãe deixar Branca em casa,
no melhor canto do sofá ela assistiria o Rei cantar em tom azulado: “quando eu
estou aqui eu vivo este momento lindo”.
Socializado o consenso. Após meia noite a mãe volta da casa
do irmão com uma marmita de cor cheinha de coisas deliciosas para sua outra
filha-felina e bem criada.
Passado o Ano Novo, as férias acabaram-se e retomamos o
labor na grande cidade.
Por telefone a mãe dava notícias da Branca; ela está um
mimo, dizia entre sorrisos. Vai aprender o beabá. Brinca sem sossego. Espanta
as muriçocas e as largatixinhas do muro. Sobe no ponto mais alto do beco
concentrada e atenta sem escorregar. Dar cambalhotas morde o próprio rabo e
foge às emoções da juventude.
Aos olhos da mãe, Branca não podia engravidar.
Num sábado à tarde a irmã liga entristecida: Houve um
acidente lá em casa. Os ânimos estão inflamados e doloridos. As lágrimas enchem
os olhos da mãe. Branca veio a óbito sem quê nem mais.
Gata inzoneira! Facilitadora de agravos! Pensei na mesma
hora... e liguei para a mãe.
- O que aconteceu
mãezinha? Foi morte morrida, envenenamento, foi tiro, batida de carro, pisadura
de cavalo?
A mãe engoliu o choro e com a voz mais sentida do universo,
disse-me: Foi traumatismo crânio-encefálico, morbidade imediata sem tempo de
prática médica.
- Vixe Maria mãezinha pensei em dizer mas, fiz silêncio de
morte do outro lado da linha com toda aquela descrição tecnicista. A mãe suspirava
enlutada e condoída.
Branca foi buscar emoções da juventude no passeio de sábado.
Pensou que o ponto mais alto do beco era um carrossel. Desequilibrou-se
contrafeita e estourou o quengo na dureza da maior forquilha de concreto.
Levanta perna-mole! Vai assustar as joaninhas nos pés de
manjericão e malva cheirosa, vai!
Nenhuma resposta.
A prima Eudócia, médica veterinária atestou a morte.
Branca jaz.
Já era... “Cumpriu
sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável. Aquilo que é a marca do
nosso estranho destino sobre a terra. Aquele fato sem explicação que iguala
tudo que é vivo num só rebanho de condenados. Porque tudo que é vivo morre”.
Branca morreu brincando.
Agora a compoteira e os copos de cristais da mãe, podem
descansar sem trincas na bandeja prateada do armário bege, à mão de todos.
domingo, 21 de outubro de 2012
Meu pai agreste se foi bem cedo.
Minha mãe sem aceitar meus cachos recitou lindamente Vinicius de Moraes e Patativa do Assaré, benzeu-me a testa para aliviar cicatrizes.
Minha irmã bem sucedida na sua consultoria de modas continua ajeitando-me com seus xales finos e camisas de carestia.Quando se descuida eu a engabelo e volto para minhas estampas florais e brincos de capim-dourado. Guardo os xales e as camisas na gaveta forrada com papel de presente.
Meu irmão psicanalista clínico é meu escutador. Recomenda-me Lacan e como bom poeta que é já aceitou minha incur
Minha mãe sem aceitar meus cachos recitou lindamente Vinicius de Moraes e Patativa do Assaré, benzeu-me a testa para aliviar cicatrizes.
Minha irmã bem sucedida na sua consultoria de modas continua ajeitando-me com seus xales finos e camisas de carestia.Quando se descuida eu a engabelo e volto para minhas estampas florais e brincos de capim-dourado. Guardo os xales e as camisas na gaveta forrada com papel de presente.
Meu irmão psicanalista clínico é meu escutador. Recomenda-me Lacan e como bom poeta que é já aceitou minha incur
ável doença de cavoucar palavras.
Minha cunhada Ph.D. em enfermagem também acode-me preparando dieta baixa em calorias e rica em abraços e fibras de açulos. Meu outro irmão chama a florista e a amiga fiel para as confidências. Minha filha complementa os ritos. Participa da migração e brandura outonal do vento para me favorecer com as nuvens. Meu amor prepara réquiens e bastante papel. Ele sabe que nesses dias “é brabo” e eu dou nos nervos. Viro um sol lembrativo de urgência própria. Há muito ele conhece meu cativeiro de saudade e prepara a mesa, cuida do peixe, considera as frutas. Espia-me encher uma taça de vinho demi-seco, sentar-me no batente da porta do meio para cantar: “ê, ê, ê Vaca Estrela! Ô, ô, ô Boi Fubá”...
Minha cunhada Ph.D. em enfermagem também acode-me preparando dieta baixa em calorias e rica em abraços e fibras de açulos. Meu outro irmão chama a florista e a amiga fiel para as confidências. Minha filha complementa os ritos. Participa da migração e brandura outonal do vento para me favorecer com as nuvens. Meu amor prepara réquiens e bastante papel. Ele sabe que nesses dias “é brabo” e eu dou nos nervos. Viro um sol lembrativo de urgência própria. Há muito ele conhece meu cativeiro de saudade e prepara a mesa, cuida do peixe, considera as frutas. Espia-me encher uma taça de vinho demi-seco, sentar-me no batente da porta do meio para cantar: “ê, ê, ê Vaca Estrela! Ô, ô, ô Boi Fubá”...
domingo, 14 de outubro de 2012
Colo estrelas no teto.
Escapo ilesa. Três vezes a beira da morte por excesso de amor.
Sou uma recruta na tardança da pia batismal, espetando o fura-bolo na roda antiga do tear.
Há meses, prometi numa conversa corriqueira de portão, à garotada da rua que, realizaríamos em casa, um sarau para eles. Já havia acontecido outros encontros; feitura de lanche, trocas de livros, escutação de cantiguinha boa... Mas nada comparado ao recital de poesia puxado em suspiros na tarde de hoje na sala de casa.
Uma efusão de bem sem paga. Riso e silêncio, sol e paiol de estórias, livros folheados, disputados e lidos, autores conhecidos, palmas, bis e palmas!
Continuo tão menina quanto velha. Beradeira de roça a copiar versos no caderno de matemática.
Sou toda esperança humanizada. Melodia e conceito.
As palavras ainda que úmidas e impregnadas de sono não rolam num rio difícil, são invocadas por anjos que as soletram sorrindo e, as transformam em certezas.
Deus seja Louvado!
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Meu graãozim de vento suave.
Ternura e valia de minha vida em Amor no máximo.
Meu jardim cheirando malva...
Hoje amanheci mais cativa do teu rumo.
Tua coragem de botar voz no poema do Ricardo Azevedo, revelou-me a seguridade de minha convic
Ternura e valia de minha vida em Amor no máximo.
Meu jardim cheirando malva...
Hoje amanheci mais cativa do teu rumo.
Tua coragem de botar voz no poema do Ricardo Azevedo, revelou-me a seguridade de minha convic
ção:
Vens do veio das versagens do seu avô (meu pai aquele danado poético que nos deixou tão cedo).
Muito em breve, aposento-me e, só irei precisar de uma cadeira de palhinha estendida ao sol.
Chupando mexerica vou lhe escutar dando continuação as coisas que ele começou lá no tempo das rachaduras, das telhas represadas pela luz da lua.
No tempo das indiferenças treinadas para esconder sofrimento.
Oh filha! Definitivamente sou a mais feliz das criaturas viventes, pela simplicidade e beleza que vem de ti e, me transforma em festa diariamente.
Vens do veio das versagens do seu avô (meu pai aquele danado poético que nos deixou tão cedo).
Muito em breve, aposento-me e, só irei precisar de uma cadeira de palhinha estendida ao sol.
Chupando mexerica vou lhe escutar dando continuação as coisas que ele começou lá no tempo das rachaduras, das telhas represadas pela luz da lua.
No tempo das indiferenças treinadas para esconder sofrimento.
Oh filha! Definitivamente sou a mais feliz das criaturas viventes, pela simplicidade e beleza que vem de ti e, me transforma em festa diariamente.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Ela banhou-se nas águas mornas do Rio Amazonas, venceu tormentas e propôs mudanças.
Flor de gênio doce. Tece poemas com a graça, dor e fineza de uma menina rara, arteira e consagrada de paixão e zelo. Sem ignorar o quinhão de todos os pecados, ela segue desistindo de silêncio (Graças a Deus!), nos enternecendo de bonança e prumo. Altiva, como as damas talentosas, Dyrce Araújo é a própria poesia em estado natural.
Foi um lindo encontro de amigos. Conhecemos outros lados da Poeta nunca antes revelado.
Fui agraciada com o convite. Serenidade e Bem sem finitude!
domingo, 23 de setembro de 2012
Deus seja louvado!
Pela família que me completa, pelos amigos que me consertam, pela correria que me cerca e por esta força que não falha.
Fizemos o penúltimo ensaio há pouco. Fernando Fernandes, Ronaldo Santos, Mirian Cris, Fernanda Fernandes e Rossana Masiero.
Tudo se inclina para a contenteza.
Venham TODOS, se possível viu?
Quando vocês estão perto, só nos pousa riquezas.
bj'Z sonoros, cantantes e andejos.
Venham TODOS, se possível viu?
Quando vocês estão perto, só nos pousa riquezas.
bj'Z sonoros, cantantes e andejos.
sábado, 22 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Léo que ainda mora bem perto e, costumava atravessar o monte para ir ao córrego bento se enfiar na lama pra purificar-se.
Deu de fazer melodias adequadas aos momentos e cantar sempre bem bonito. Deu de abrir aço para inventar abraços, matizes e goles de luz que nunca inflama.
Sobre formas bem construídas, palavras, bolhas e areia que adere ao pé, ele ergueu-se como prêmio de canção. Alma lavada e poderes de mundo. Hoje o Léo falará para nós, desatará os nós, contará de viagens, pérolas e asilos... Será?
Acho que não. Contudo sou TODA ouvinte. Nem vou piscar bocejar ou coisa parecida. “A cada instante se cria novas categorias do eterno”.Estaremos na primeirinha fileira.
Bem dito tempo de brotação de flô e, amigos por perto. bj'Z em TODOS!
sábado, 15 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Amo tuas postagens antigas, tua voz e a soltura da tua risada
Admiro tua falta de sono, de temor as tempestades e tua coragem de ir ao banheiro dezenas de vezes numa única noite.
Não entendo muito teu apego para com as palavras: nuvem, formiga e outras coisinhas consideráveis.
Amo tua companhia e educação financeira (que sempre me salva).
Teu silêncio escorrido e teus passos no alumião das chaves.
Amo quando tomas partido nas minhas iniciativas e, ainda acredita que sou recuperável.
Olho para o céu e sei que nenhuma privação me foi concedida.
Olho para você e sinto uma vontade imensa de cantar
“Seja luar, amanhecer, saudade vem e vai, amor é o que me levará a você”...
sábado, 11 de agosto de 2012
Cantiga de aluamento
Foi num mês de Primavera
que eu disse com alegria
Mãe, pretendo viajar
daqui há quarenta dias
vou pra São José dos Campos
Conhecer mais Poesias
Tá maluca, endoideceu?
que invento sem futuro
Que Campos, que Santo é esse?
Sossegue ou lhe desconjuro
deixe esse sonho pra outra
Oh conversa de monturo!
Mãezinha vou lhe dizer
não tem mais sossego não
eu conheci um Poeta
a quem dei meu coração
minha alma meu destino
amor, pensamento e mão
Não acredito em destino
em doação corporal
e as noites de fogueira?
as quermesses de Natal?
as quadrilhas de São João
cordel e festa rural?
Vai trocar nosso folclore
e Tradição cultural
por terra desconhecida
amorzinho de quintal
Pense um pouco, tome tento
vá declamar seu jogral
Guardei o jogral na mala
junto as saias coloridas
um chinelinho de couro
livros e música preferida
Cheguei no mês de Outubro
com frio mas, feliz da vida!
Foi assim que deparei-me
com pessoas fabulosas
gente simples, importantes
bons de causos, versos, prosa
viola, teatro e canto
Oh terra maravilhosa!!!!
terça-feira, 10 de julho de 2012
Graciosa a tarde de sábado nem boceja, chega pronta e sonora. Com cheiro de serra, queijadinha e pão de queijo.
Estamos em quatro e fala-se de política, amores, decotes, filhos, literatura, ciúmes, flores e outras coisinhas que encandecem.
Um escambo de livros é realizado em plena via Dutra. Eu fico com Os Últimos Dias de Baudelaire, Sônia Gabriel prefere o Ciranda dos Tempos, da Beth Brait, Pércila desiste de um filósofo que fala sobre Os Malefícios do Amor e Dyrce é a detentora da sacola cheia de exemplares.
Nosso ponto de parada é o Espaço Cultural “Projeto Fazendo Arte” em Tremembé. Conceição Molinaro, nossa anfitriã, nos espera na calçada, sob o trinar gotejado de papagaios-da-floresta ou gangarras como também são chamados. Com maestria, eles se aprumam nos galhos mais altos da árvore centenária, que fica em frente à casa de Artes.
Crianças, jovens e adultos participam de diversas atividades educativas socioculturais; música, dança, artes plásticas, literatura. Seiscentos alunos e um temor: A mudança do poder executivo na Municipalidade. Nestes tempos de eleição, tudo pode ocorrer, inclusive a desimportância para com projetos como este que a Conceição idealizou e pratica.
Tomadas pela afetividade da acolhida, fomos levadas por impensáveis delícias, advindas de quem conhece os teares da delicadeza, dos gestos solidários e da humildade. De quem não suspende os acordes da arte-cultura e fez do Vale um pouso fixo e bonito de ver.
Um micro-ônibus nos leva pela estradinha bucólica. Enquanto Conceição segue contando a história dos Monges Trapistas, dos campos de arroz que se vestem de dourado na época da colheita. Passamos pela ponte de ferro que corta o ressono do Rio Paraíba. Paramos na igreja do Berisal. Nossa Senhora do Berisal, uma graça, cercada de anjos, de galinhas poedeiras, maracujás madurando na cerquinha viva de madeira em flor.
Pausa para foto e para ouvir mais histórias do Mosteiro, contadas pelo moço que conserta telhados cujo nome esqueci de perguntar.
Nosso passeio, de tão prazeroso e rico, mais parecia antecipação de céu. Na bica da Água Santa, pensei na Brisa e desejei que ela estivesse comigo. Na igreja do Bom Jesus, apreciei as esculturas lindas do apóstolo Pedro, com suas chaves recostadas ao peito e do preferido de Jesus, João, com sua espada a proteger a praça, as crianças e o carrinho de pipoca.
Não resisti e falei para a moça pipoqueira: - Quero o maior e sem queijo, por favor. Ela segurou os dois reais, entregando-me o saco de pipoca com um sorriso mais cheio de tempo do mundo. Comemos felizes eu, Dyrce e Sônia que também fotografava a porteirinha do casarão vizinho à igreja, bordado de azul e branco, dormentes repleto de estátuas.
Deus é mesmo muito acessível eu pensava chorando, enquanto ouvia a orquestra. Maestro Levi cheio de ritmos e cuidados conduzia aqueles jovens por caminhos decifráveis, enfeitando cada pausa com uma emoção que nos levava ao infinito.
Aqueles jovens não serão apreciadores de pancadões. Não serão molestadores de escrúpulos alheios. Serão multiplicadores, estimularão a comunidade para o fortalecimento do protagonismo, empoderamento e emancipação socioeducativa e cultural. Pena que os representantes do poder não conseguem enxergar essa importância. Meus pensamentos não se calavam.
Depois da musica, fomos para um salão lindo, com espelhos largos. A mesa repletinha de culpa e delícias: toalha rendada de alvura ímpar, bolo de cenoura com cobertura de chocolate amargo, bolo de fubá cremoso, chazinho de diversos sabores, café passado naquela horinha. Suco de maracujá, pão de queijo, biscoitinho de manjar, flores e água.
Começou uma conversa animada, histórias de vidas, planos, lágrimas, presentes trocados na hora da saída. Mulheres com suas rimas e sonhos, entusiasmos, cheiros, encantos, desejos e sensação de borboleta colorida. Que venham outras tardes daquela com Dalilas e Querubins. Metáforas, identificações, estradinha de terra e esboços de bom futuro.
Sobre o som da espera, Conceição, estamos aqui, com a casa e alma aberta para você e os teus. Venha, viu?
*Todas as fotos foram tiradas pela Sônia Gabriel.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Deixei de arrumar a casa nos dias de Segunda-Feira. Não sofro mais com o desalinho da mesa; silenciosa, amável e repleta de livros. Artigos, moedas, óculos, fone de ouvido, chave, pilha recarregável, fita –de- cetim- vermelha, pote de plástico com bolo de fubá que a sogra fez, lápis preto, dicionário, brilho labial e, cesta de frutas. Observo tudo com zelo de oratório. Já não adoeço mais. Uma safra de serenidade aliviou-me as palpitações ofegantes que no apoucar da outrora me cabiam. CadaCoisaEmseuLugar! Pelo-amor-de-deus-misericórdioso! Eu dizia em meio a ataques de cólera, desespero e inquietações cardíacas.
Uma perturbação líquida inundava meu ser. Bastava ver a esponja de lavar louça fora do porta-sabão.
Guardava com afinco a angústia dos incontestes ao ver uma folhinha de samambaia espiralada ao chão da garagem. Sentia o peso dos que não chegam a tempo. Morrinhenta, cheia de retórica e pecado, mais parecia uma topografia opressiva que, geme baixinho só de ver um copo em alhures.
Aí meus fuxicos de terreiro, minha rédea de cerzir coração desafamado. Tagarelice de comadre e segredos de mato escuro valhei-me!
Jurei que melhoraria e, deixei-me ser regida e confortada pela ciência de que, nem sempre posso ser de esmero e cuidados, de bonança e razão, de trabalho e eficácia.
Sou é de monturo, loucuras, ócio e mal cheiroso galho. Consumista sem excesso, mas, sou. Cruel, avarenta, bicho de cafundó, mafueira, baba-de-boi porejando cercas.
Fiz um pacto com a mesa. Ao menos nas Segundas-Feiras deixamos que fique assim; circundada pelos bastidores épicos da fragrância andeja de Sábado e Domingo. Incitada pela desordem que burila a lucidez, o soletrar dos anjos, a vasilha de cocada, a flor cor de goiaba que, nasceu na beiradinha do poço, o som do Vinicius vindo de um canto da sala: Na Tonga da Mironga do Kabuletê...e assim por diante.
domingo, 10 de junho de 2012
O sapato não é novo e os pés recriados calejam.
Procuro concentrar-me nas primícias do tecnicismo mas, logo vem essas cigarras bailarinas, as tigelas de doce, as grades com begônias coloridas, as janelas e samambaias vivas, as conversas amenas, o alvará, a cuia, o frasco de água cheirosa, o paraíso de medonhas carícias...
Aí meu Deus, estou pecando de novo!
Vazam satélites pelos meus olhos.
Me acode Deus me acode. Perdoai as sombras dos meus ossos fracos e, abençoe-me se possível, mesmo com raiva nas alturas ou, em forma de cansaço.
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