Senhor se for da tua vontade devolve nossas pocinhas de água
clara para chapinharmos com pés
descalços sem temor de febre. Devolve nosso cheiro de azul nas auroras de
vossos frutos, devolve nossas noites sem luz elétrica, nossas brincadeiras de rodas
e de roubar bandeiras, nossa bacia cheia de espuma e saúde. Devolve Senhor se
for da tua vontade; nosso cálice com cidra e os gominhos de mel na colherinha
de prata. Devolve também nossa taipa e pandorga, nosso consolo de açúcar
fininho e caramelizado.
Devolve Senhor o ardor da sarça e o cordeiro no lugar de
Isac. Devolve alguns cômodos de minha alma que se foi na enxurrada do tempo.
Devolve por favor, o terreirinho cercado de malva e o alecrim da infância na
latinha de doce-de-goiaba. Devolve-me se possível os detalhes das estrelas
francas e a lembrança de minha avó atiçando as brasas. Devolve-me Senhor, se
for da tua vontade...
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