domingo, 24 de novembro de 2013





Senhor se for da tua vontade devolve nossas pocinhas de água clara para chapinharmos  com pés descalços sem temor de febre. Devolve nosso cheiro de azul nas auroras de vossos frutos, devolve nossas noites sem luz elétrica, nossas brincadeiras de rodas e de roubar bandeiras, nossa bacia cheia de espuma e saúde. Devolve Senhor se for da tua vontade; nosso cálice com cidra e os gominhos de mel na colherinha de prata. Devolve também nossa taipa e pandorga, nosso consolo de açúcar fininho e caramelizado.
Devolve Senhor o ardor da sarça e o cordeiro no lugar de Isac. Devolve alguns cômodos de minha alma que se foi na enxurrada do tempo. Devolve por favor, o terreirinho cercado de malva e o alecrim da infância na latinha de doce-de-goiaba. Devolve-me se possível os detalhes das estrelas francas e a lembrança de minha avó atiçando as brasas. Devolve-me Senhor, se for da tua vontade...

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