segunda-feira, 18 de novembro de 2013


Anos a fio essa peleja. Esse cativeiro, esse flautim tristonho, essa lâmina encostada no meu peito. O Poeta transferiu pros versos seu lamento secreto. A Brisa expressou o pesar dela em conversas distintas e tentativas de alforria. Sem êxito. Os bicos entristecidos continuam experimentando a ração presa ao destino. Eu que sou mais maligna de todos joguei mel e veneno, desprezei o trato, falei das amarras e maldições, tentei mil diálogos, desandei chorona, maldisse a natureza humana de gênesis a apocalipse. Não houve proveito. Prometi denúncia, perdi a doçura e suspendi visitas. Nada adiantou. Continuam as trocas, os piados tristes, os passarinheiros e suas bicicletas mal pintadas são os visitantes mais esperados. Nos dias de sol quando as paredes se tornam um braseiro é muito pior. As gaiolas ganham burcas e camuflagem de TNT azul- ardósia. Sofro como se o meu pai nunca tivesse me amado, como se a chuva não fosse cheirosa. Sofro querendo um longe para fugir desses gestos que me desconsolam. Lembro-me do meu pai defensor de pássaros, chapéu de palha, alpercata de sola plagiando cantigas em carrocinha de doce:
“O que os olhos não veem coração não chora. Coração não chora. Coração não chora".
Um abraço apertado com palhinhas de capim-dourado em TODOS.

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