terça-feira, 3 de setembro de 2013



Mãe, no domingo fui às lojas americanas, eu e o Poeta. Vi essa lavanda e pedi para ele comprar. Quis sentir o seu cheiro Mãe, lembrar como seu perfume era escolar e pacífico.
Lembrei-me também de quando a senhora desidratava folhas para enfeitar as paredes.
A senhora nunca teve semblante grave Mãe, por isso em tardes de chuva brandinha eu te lembro. Lembro-te recitando alguns mandamentos, esquecendo-se de cuidar dos dentes, perdendo chaves, guardando fitas de cabelo na bíblia.
Lembro-te dizendo que Deus prover tudo: alimento, sonhos, saúde, calor de velas e pés de chá.
Hoje sei; Ele prover isso tudo e muito mais Mãe.
Tiro a lavanda da caixa, abro a tampa e sinto seu cheiro. Peço para Brisa tirar um retrato. Amanhã é dia de quimio e vou ter que desligar.
Lembre-se que ainda tenho medo de almas e não aprendi a escapar das lágrimas como faz as boninas.

Um abraço amoroso em TODOS.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Desabafo de UMA iniciante no Outono de Noventa e UM





Por desatino insalubre resolveu matar-me
Queimou os bordados que eu pregava nas cartas
Quebrou lembranças e meu alguidar
Fez umas amarras delicadas
 com suas mãos finas de folhas e versos
e  vedou meus olhos
esvaziou a cuia e meu sol
expulsou do alecrinzeiro a mariposa que chamava chuva
passou chá de arco em todo meu corpo

e me cremou viva, vivinha.