As coisas definitivas não precisam ser solitárias. Acredito que foi pensando desse modo que Beto Jaguary reuniu tanta gente capacitada e nos entregou o Kaipir@ Antenado, seu mais recente trabalho, um cd repleto de considerações.
Depois dos “Xotes pé-de-serra” do Forró Floral e, da poesia
límpida do Semear, o Kaipir@ Antenado sinaliza bons ventos. Com um
roteiro muito bem enlaçado, a sonoridade parece acústica e está cheia de
enfeites bonitos.
Beto tem o que ninguém lhe pode tirar; uma ótima voz e uma fé
incrível. Em todas as faixas ele canta com intensidade original. Suas músicas
são de uma ternura doce.
Neste momento, que lhe parece mais reflexivo, Beto não se
intimida e consegue reunir acordes, humildade, verdades e beleza numa mesma ala
musical.
Sugere uma harmonia intimista com o sagrado, apresenta
transformação que passa pela colcha de retalho ao vaso novo. Somente sua enorme
intimidade com as palavras, combinações e ritmos fazem com que a linguagem de
todo o cd nos forneça poesia.
Coisa de quem sabe que o céu também começa nas pedras. “Coisa
de quem sabe que a materialidade da vida não esgota seus significados”.
Beto canta. Canta a vida. Canta o que alumia e o que dói.
Canta o amor, a esperança, a inclusão e a ausência. Canta o verde no olhar do
amor que deseja o cheiro da terra e seus milagres. Canta a migração dos
pássaros. Canta a flor que sai do sentimento para virar poema. Tudo simples e
importante feito à coloração das frutas, a água da chuva ou do mar filtrada por
infinitos.
Por Zenilda Lua
Verão de 2012.
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