quinta-feira, 29 de maio de 2008

sábado, 24 de maio de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

Febre ardósia em dia branco

Quando você saiu de mim
uma plantação de cactus inundou meu peito seco
e eu fiquei estéril
overdose de lágrimas e mistério
isento a todos os assuntos
desabitado incolor, estereotipado.
pronto a desvanecer
ou permanecer inócuo
tentando compreender como é que o amor
pode se entrelaçar em nosso coração
feito cabo de aço ou de vidro moído
e nos puxar assim até sangrar
e nos trancar nessa tenda fria
tão infinita e durável...
me obrigando a dizer sem chorar:
“ Oh pedaço de mim
oh metade amputada de mim
leva o que há de ti
que a saudade dói latejada
é assim como uma fisgada
de um membro que já perdi “.

Zenilda Lua



sábado, 3 de maio de 2008

Sem título

Cato ouro nas entrelinhas do meu cisco
tanjo as moscas
queria adestrar vaga-lumes
mas os danados já nasceram prontos
Vontades ressequidas de sorte
perambulam nas margaridas fiapentas
da minha saia macramé
Deus me fez isso: mulher-libélula-doida-por-poesia
sem qualquer tendência a cozinha
uma sopinha de coentro
um “macaça” com farinha e manteiga da terra...
Nada mais.
Inda bem que ele me aceita assim
às vezes se queixa é claro!
E quase me queima com o olhar de craúna sisudo
Contudo, nunca pediu para eu pentear os cabelos
e até me deu de presente os chinelos de couro que eu prefiro
Vez ou outra põe sua mão em cima da minha vida
“e reacende a secreta alegria do meu sangue”
bebemo-nos enternecidos
Depois reparo no bordado que ele fez com minha cor
Usando o desejo do poeta:
“Que seja eterno enquanto dure”
... Eu digo Amém, tá durando o amor

Zenilda Lua