Prossigo lume simplista. Vento sertanejo tentando mover os moinhos (que tendem a cochichar largamente em plena tarde de janeiro). Sonhando com a Ilha dos Querubins, lembrando o tempo que me pelava de medo do papa-figo, do cigano andarilho (que diziam invadir roçados), do Barba Azul, e outros seres que penduravam-se na minha inocência febril.. Enquanto isso, conservo o olhar de vigília igualmente ao da infância quando maravilhava-me com a vitrine da única loja de brinquedos da minha cidade: Lindas bonecas de olhos seda, zoológicos sorridentes de pelúcia brilhante, jogos diversos de todas as cores e eu amando desesperadamente aqueles brinquedos sem esperança e sem inveja. Eu os possuía em sonhos. Pois sabia que precisava me contentar com bonequinhos mirrados de pano modesto, bichinhos de lata, caravelas feitas de madeira desinvernizada, etc. Ainda bem que outros encantos vingaram e eu continuo rastreando os vaga-lumes com a mesma simplicidade;( pés no chão e alma de alfenim), colhendo os lírios da última quimera, estornando a espera, admitindo mais amor e desejando um céu de porcelana para postar os poemas que não consigo escrever.
Zenilda Lua