Algumas manhãs chegam conduzidas por amargores desesperantes.
Tão altos que emperram a passagem do verde mais calmo.
É óbito, é pânico, é câncer, é falta de emprego, de óleo e cebola para dourar o arroz, é excesso de preconceito, de vaidade e de ruindade mesmo!
O fogo do desassossego dos inocentes também ardem nos olhos da gente. As barbáries nos cortam a fala, comprimem o peito, ressecam os planos.
Eu tenho, Jesus! Mas algum estoque de força parece envelhecida demais. Aloja-se na carne o desatino do amor precário, da confusão, da cegueira.
O peso dos acontecimentos falta pouco enfartar a veia por onde corre os sonhos.
Chega a hora do almoço resolvo bordejar no meu local de trabalho, andar pelo verde que ainda nos resta.
Primeira parada; com a equipe de técnicos e alunos da escolinha de futebol, plantamos um pé de abacateiro.
Segunda parada; um respiro debaixo do bambuzal onde o casal de quero-quero me olham com desconfiança.
Terceira parada; visita ao velho e tão amado pé de pau-brasil. Debaixo de sua sombra generosa e farta, sentei-me emocionada e desobrigada. Coisa mais linda alarmando-se inteiro!
Havia três anos que ele fazia greve de flor. Ficou amuado, emperrado feito prego que não serve pra nada. Este ano se capacitou no mais alto grau da primavera. Desandou-se à florada. Está impossível! Seu perfume estende-se pela avenida dos bancos, corta a praça, entontece o pica-pau, desnorteia as abelhas mais sãs. Entusiasma os grilos obtusos e desvanecidos para o amor.
Tirei várias fotos com o celular capengando com bateria sempre no trisquinho final.
Sequei os olhos na barra da blusa.
Minha alma teima em sofrer de esperança.
“No mundo tereis aflição, mas anime-se”!
Nunca se mire no exemplo das mulheres de Atenas.