Ela me chama de Mãe e protege-me com suas cantigas, orações,
leituras midiáticas, pedidos e risadas de engraçamento. Eu metade gente e metade
taquara coberta de musgo retrançado
sempre caio nas suas conversas e me desconcentro de tudo que é sério. Declamo
poemas, invento paródias, cantoriazinha de renovo. Vamos à cozinha; preparo hambúrguer de soja ela corta abobrinha pro refogo. O arroz fica pronto, a alface lavada,
o amor e os sonhos se misturando num céu de futuro. Vai chegar um dia que a ausência dela vai
encaracolar ainda mais meus cabelos desgrenhados, vai fazer do meu coração mil cacimbas de saudade, vai cavar meus olhos até desbotarem com a água salobra que a chuva não
faz.
Aí, aí viu?
Mãe cativa, manquitola, querendo prender o tempo
numa fragrância encantada, para quando precisar do invisível encontrá-lo na
brandura de todas as razões. ..Especialmente na flor pro cabelo adormecida sobre a banqueta do quarto ou do abajur da sala.