sábado, 10 de dezembro de 2011
De uns tempos para cá passei a gostar muito mais das quartas-feiras.
Descobri que o amor pode muito bem ser recolhido nas primeiras horas da manhã numa parte do jornal, especialmente na página três do espaço Letras Imortais.
Há sete meses numa tarde de céu claro, recebi a incumbência de escrever sobre algumas Mulheres Vale Paraibanas e, sem nenhuma surpresa lá estava o nome dela.
Como se fosse um bordado, claro, brilhando!
Ela que nasceu em Cachoeira Paulista no dia de Santo Antônio.
Ruth Guimarães Botelho é um misto de ensino, encanto, sentimento e graça.
Pronta para carregar bandeira de pleno anjo, da guarda mais alta de comunhão, simpatia, universo rural, sinhorzinhos e sinhás.
D. Ruth é referência cultural, “teimoso é quem teima com ela”, conhece o fundo mais fundo dos quintais valeparaibanos.
Brinca de doer, de inventar, de nos fazer rir. Põe ouro nos trilhos opacos e transforma o trem "caindo aos pedaços" em carrossel garboso. Valida a silhueta do Jeca, sonoriza o cabo da enxada e a casinha fúnebre no fundão das roças.
Sempre terna e culta transcende do real ao imaginário com a facilidade de uma menina brincante.
Escreve como quem fala ao pé do fogão com as mãos cheirando farinha, ovos e ternura.
Inesgotável na sua capacidade de nos ofertar imagens, folclore e rendas... ela segue com sua força telúrica, dócil, originalíssima e considerada.
Estive com ela em Pindamonhangaba num encontro. Beijei-lhe as mãos, tiramos fotos assumi meu testamento emocional. Queria levá-la para casa mas, sábia que é, desistiu da proposta.
Estou caprichando em outros dizeres de amor que, um dia, espero, irei pessoalmente entregar-lhe.
D. Ruth, sua existência e poesia revalidam nossa certeza de sorte, formam a alegria perfeita que colore a floração das prendas.
Venha toda quarta-feira e fique para sempre viu?
Zenilda Lua
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