sábado, 8 de outubro de 2011



Uma criança precisa tanto de uma canção de ninar quanto de uma alimentação saudável.
Um paciente precisa tanto de uma sessão de cinema quanto de sessões de psicanálise.
O cantor, o palhaço, o médico, a bailarina, o sábio e o filosofo preenchem necessidades distintas na vida de cada um de nós.
Eu não desejo apenas o mérito que compensa o esforço, nem medalhas que legitimam vitórias.
Eu só desejo que não sejamos abafados pela exaustão da inércia, que nos resfria, e nos torna alheios.
Desejo que, atentos as manifestações culturais, possamos resignificar nossa passagem terrena contemplando a arte e sua feitura.
Desejo que invés de porteiras eletrônicas, envelopes com poemas feche nossas ruas, que invés de sirenes e buzinas escutemos mais cantigas de rodas ou o som doce da flauta.
Que a correria cotidiana der lugar a uma sonora caminhada pelos vales líricos da meditação e ternura.
Dispensemos os excessos, as chaves, aldravas, remédios, apego ao trabalho, ao ouro e perfumes.
Essas coisas não abrigam garantias.
A arte sim.
A arte nos acode, ilumina e aponta verdades.
A arte nos iguala, reacende encantos e possibilita-nos compreender:

- o amor também depende de um nível de altruísmo que, está muito próximo da fé e, não pode nunca cair nas margens do desinteresse - .


Zenilda Lua