terça-feira, 27 de dezembro de 2016




É certo não estás aqui.
É certo não vais voltar.
Mas confesso o que é mais certo:
Para sempre irei te amar.

"Mãe, me dê um cachorrinho!
Pai, me dê por caridade"!
E sorrindo nós dizíamos:
"Só com a maioridade".

Agora tem vinte anos
Nunca mais pediu um cão.
Vive toda empolgada 
Com a sua plantação.

Mas quando ver um bichano
Abre o riso, seca a testa
Todos correm pro seus dengos
Ela os agarra com festa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016



Quando  o essencial manifesta-se  com disposição fraterna eu  cuido das flores de cor alegre que comprei pra sala. Arejo o quarto que o Poeta  gostava e escuto  as músicas que nos fazia rir.
Ligo para a minha mãe, para os irmãos, para a sogra e para algumas amigas silenciosas que outrora, insistiam em dizer que alguns momentos ganhavam consistência de bons sonhos, quando estávamos juntas.
Ressaltei a todos o quanto sou feliz por tê-los em minha lembrança, em minha vida e  amor diário.
Essa pausa de trabalho no meio da semana nos mostra que é bom viver em estado de gratidão. Assim Deus acontece todo dia.
Que tenhamos mais dias de folga e folguedos para ficarmos com os nossos amores.
Que possamos regar as sementes solidárias da permanência e oferecer flores para os que nos cercam de cuidados, nos acolhe, nos surpreende e querem  o nosso bem.
Que a religiosidade não se instale no nosso coração permitindo os lampejos da confusão nem a marcha pelas veredas enganosas de morte.
Que ao  invés de palavras repetidas exaustivamente para nossos mortos e, potes de rosas deixados sobre túmulos tristes possamos oferecer abraços apertados para nossos vivos, frases de ternura, cantigas de infância, suco natural com pão-de-ló e boas risadas.
Lembrá-los que ainda é primavera, que para o amor nosso coração nunca estará desprevenido e, saudade sem remorso e sem dor é como ver arco-íris no céu, por uma janela que canta. (02/11/2016)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016



Deus pôs no céu o arco-íris e no meu coração uma palavra selada: AMoR.
Amor doce feito pão- de- ló.
Amor de carta-poema.
Amor simples feito grãos de arroz.
Amor eterno como as estrelas.
Lúdico como brinquedo e lindo como criança.
Feliz Outubro!

sábado, 1 de outubro de 2016

Por três anos ela habitou num porta-orquídea feito de casca de paus que ficava em cima do medidor de energia elétrica na entrada de nossa primeira casa.
Em outubro de 2014 decidi fixá-la por entre os galhos do manacá de cheiro.
Naquele ano amuou-se.
Fez greve de flor.
Ficou emperrada feito prego triste.
Ano passado, menos deprimida, nos ofereceu duas cápsulas medrosas e sem nenhuma boniteza.
Firmei cuidados sem tecer elogios.
Semana passada lhe dei água com o coração em pulos!
O vento que derrubava os pimentõeszinhos mostrou-me esse cacho fechado se dependurando com sisudez mínima.
Hoje toquei o cacho com amor indizível e fotografei.
As belíssimas alegrias retornaram.
Poeta que não gostava de comprar flores, numa segunda -feira do mês de janeiro de um ano bem longe, ao me ver entrando em casa depois de um dia denso de trabalho, levantou-se do sofá, pegou um arranjo que descansava na caixa de som e me entregou risonho com poucas palavras:
- "Pra tu, foi o Boy quem deu"!
Obrigada, Boy!
As belíssimas alegrias retornaram e eu continuo escrevendo no caderno de capa dura bem apresentável que a Thaís me deu.
Um cheiro em TOdos!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Gotejo nesse ardor adotivo e incauto
espécie de noite morosa e cativa
mesmo sem traquejo esbarro nos teus guardados
nos pomares caseiros cheios de tuas cores e oferta lunares.
Nessas horas de que adianta o pessegueiro em flor, as amoreiras carregadas e esses ipês enfileirados tão cheios de ouro...
que adianta?

quinta-feira, 18 de agosto de 2016



Fiquei muito animada
Com a minha descoberta
Nessa vida de leitura
Pesquisa e benção profética
Descobri por A mais  B
Que Jesus era um poeta

E era um poeta hippie
Quase nômade, sem parada
Não gostava de sapatos
Nunca viu uma espingarda
Não penteava os cabelos e
Comia pão com mostarda

Mas falava tão bonito
Era uma eloqüência só
Andava por vales, montes
Desertos e cafundó
E onde Ele parava
Era uma alegria só.

Todos queriam tocá-lo
Pedir bânção, pedir cura
Jesus atendia a todos
Sem cara de amargura
Depois chamava os discípulos
E iam comer rapadura

Na noite da tempestade
Ele não foi se deitar
Foi decorar o poema
Que tinha que recitar
Para apascentar os ventos
E os amigos encorajar.

Lá no poço de Jacó
Ele também declamou
Pra moça samaritana
Que por fé acreditou
Provou da água da vida
E sua vida restaurou.

Esse poeta Jesus
Esse Galileu amado
Caminho verdade e vida
É mesmo muito adorado
Por Ele dobram-se joelhos
E Deus é mais exaltado.

Passei no vale da morte
Pisei no Brejo da Cruz
Mas minha alegria transborda
E minha estrada tem luz
Em tudo Ele me socorre
Como te amo, Jesus!

Whats


A Presença Inconstante do Pai na vida dele enternurou a  conduta de sua permanência e delícias.
Ele não se extraviou das formas suaves do afeto para com a filha.
Estava sempre perto. Estendendo a toalha para o café, esquentando a sopa, checando o medicamento, a quantidade do vale transporte, deixando-a dormir “só mais um pouquinho”.
Abraçando-a sem abreviar o choro quando a emoção se avivava.
E ela, de prontidão o esperava chegar do trabalho todas as noites.
"Pai vem ver meu vestido, a música que tirei, a foto que achei. Vem ver meu fichário, Pai!”
Ele ia. Mesmo cansado do labor diário, sempre tinha  uma escuta, uma piada, um comentário de humor, um minutinho a mais.
Ela guardava  pra ele todas  os acordes, os segredos de menina, os acontecidos de viagem, os caprichos e o dom de amar de forma ampla e compensativa.
Para ela a palavra dele valia   mais que um devocional  apostólico.
Nada trincava  quando ele estava  por perto. Era  a valia preciosa, o senso cuidadativo, a certeza que endossava a risada mais sonora. A bondade que alimentava as borboletas.
Quando pequenina, escondida, escrevia o nome dela nos bilhetes de amor que eu fazia à ele. Descobríamos o delito afetivo  e sorríamos os três.
Hoje ela não pergunta mais por que a noite às vezes fica violeta, nem o motivo de    Deus  ter escolhido levá-lo  tão cedo.
 Procura no álbum de fotografias antigas, uma foto dos dois, abre um livro de poemas,  escolhe um  bem bonito  que a gente preferia e posta no Face.
Passa o domingo silenciosa.  Desiste de ir à igreja comigo, alega que as homenagens  sempre trazem  muitas lembranças e pouca alegria.
Vai para casa de pessoas queridas onde tem aniversário e cantoria. As 21h vou buscá-la. Percebo sua voz emotiva, questiono o acontecido, e  ela responde com olhos marejados:
“Mãe, homenagearam o avô do Gabriel com a música do Fábio Jr., e eu chorei litros”!
Fiz silêncio. Exige-se longo tempo e paciência para entender uma ausência. Cada dia descubro que pra ela há, há sim outra palavra mais doce que o mel...
PAI
“pode crer
eu tô bem, eu vou indo
tô tentando vivendo e pedindo
com loucura pra você renascer...
Paaaaaaai!”

quarta-feira, 17 de agosto de 2016




Quando é pra falar de benção
Amor e superação
não existe tempo escasso
nem falta de inspiração
abro a Bíblia e lá encontro
exemplos assim; de montão

A Bíblia nos apresenta
a fraqueza dos heróis
as circunstâncias e as dores
e uma luta feroz
que eles sempre enfrentaram
igualzinho a um de nós.

Moises estava no meio
de uma enorme pressão
chorava a morte da irmã
e o povo em murmuração
reclamava do deserto
da falta de água e pão.

Deus todo “misericórdia”
percebe sua aflição
manda ele tocar na rocha
e alegra-lhe o coração
faz sair água abundante
parecendo um ribeirão.
Todos bebem e se saciam
minimizando a tensão
Moises fortalece a fé
entende a superação,
o sobrenatural de Deus
e retribui com oração

Jesus também pereceu
suou sangue e se prostrou
foi pro jardim soluçando
e por medo implorou:
“Pai, passa de mim essa hora!”
mas o anjo o acalmou.

Nesse tempo de Olimpíadas
de exigência e pressão
recorde, cobrança, incentivo
derrotas e frustração
vemos o Sobrenatural de Deus
agindo com perfeição.

Vanderlei, Gilson, Gilvan
Thiago Cruz, Franciela
a síria refugiada e
a judoca Rafaela
sofreu tanto preconceito
Mas Deus estava com ela.
Em nossa lida diária
há lutas e tribulações
desafios, desavença
gente dura igual carvão
amargurada da vida
cheios de lamentação.

Deus não nos quer desse jeito!
Deus não quer filho assim não!
prefere nossa alegria
coragem e superação
somos cabeça e não cauda
flechas em transformação

Horas salobras se vão
Deus  vem para bem cuidar
do nosso saber e fazer
nosso sentir e falar
somos os tesourinhos DELE
prontos pra continuar.



Zenilda Lua (Agosto\2016)

terça-feira, 26 de julho de 2016

Assunto de amigos, 
de cidade aniversariando puxado por muitos sentidos.
Venham, se possível!
Vai ter abraço de até 12 segundos bem apertadinho
e microfone aberto para quem quiser declamar "poema-curto"
PurAmordeDeus!
Vai maio
Vem junho
Vai julho
Vem agosto
E eu amor(teço) tua saudade
No calendário do tempo. (Réginaldo Poeta)

quarta-feira, 6 de julho de 2016


Em tempos de flores aneladas
chegava
assobiava
abria o portão
pendurava as chaves
e enchia de cores
o meu coração.

sexta-feira, 24 de junho de 2016


Pastora de nuvens 
dei de convencer a neblina 
para dar vez ao sol...
E não é que ele brotou?
Amarelecido, esmorecendo, 
mas deu o ar da graça!
Hoje hei de dormir suave como pedra.

sexta-feira, 17 de junho de 2016






CORDEL DE SAUDADE
(Zenilda Lua)

Gente linda e importante
Povo do meu coração
Perdoem-me se eu chorar
Estou fraca na emoção
Tenho uma saudade aguda
Pregada no coração

Vocês conhecem a história
Da mocinha do sertão
Que recebeu uma carta
Toda cheia de intenção
Bordada com flor de giz
Que lhe despertou paixão

A paixão virou amor
E um casamento feliz
Vinte e dois anos juntinhos
Sem se afastar por um triz
Éramos amigos e parceiros
Folha, flor, caule e raiz

Tínhamos muito em comum
Sonho, amigos e poesia
Afeto, fé e diálogo
Salário, agrado e valia
Nunca nos desentendemos
Éramos som e harmonia

Eu gosto muito de incenso
Ele porém detestava
Amava ouvir música alta
Eu ia lá abaixava
Mas tudo acabava bem
Tempo ruim nunca se achava

Fazíamos encontros temáticos
Sarau, palestra e baião
Comidinha de terceira
Com as cores do sertão
Nossa casa era um canteiro
Cheio de animação

Com o advento do câncer
Minha alma empalideceu
Conhecia a gravidade
Do clarão que se acendeu
Começamos uma batalha
A filha, os médicos, ele e eu

Um ano buscando meios
De a doença combater
Ele todo positivo
Dizia: - eu vou  vencer!
Não reclamava de nada
Dava gosto de se ver.

Buscou na literatura
                                                           A base nutricional
Na alimentação saudável
Uma forma especial
Conseguiu satisfação
Pra conviver com o mal

Às vezes ele dizia:
"Lua, tu tens que comer!
Tá magra feito vareta
Desse jeito vais morrer
Sou eu que estou com câncer
Você pare de sofrer"!

Eu sofria porque via
A metástase se alastrar
Por órgãos bem importantes
Que é difícil de tratar
Contudo minha ternura
Nunca lhe deixei faltar.

No dia treze de junho
Justo no mês de São João
Precisou se internar
Em complexa situação
Os médicos já diziam
Não haver mais reversão

Foram mais de vinte dias
De torcida e de clamor
UTI e incerteza
Mal estar e pouca dor
Ele não ficou conosco
Assim quis Nosso Senhor

Fez uma passagem dócil
serena quase indolor
na véspera do aniversário
um boletim de ardor
cinco de Julho, à tarde
fiquei sem o meu amor.

No alumião da noite
na dormitação do dia
nas folhas que cobrem a rua
na cidade que esfria
Poeta, sua  saudade
é minha única garantia.


Zenilda Lua