domingo, 12 de maio de 2013



Ela me chama de Mãe e protege-me com suas cantigas, orações, leituras midiáticas, pedidos  e  risadas de engraçamento. Eu metade gente e metade  taquara coberta de musgo retrançado sempre caio nas suas conversas e me desconcentro de tudo que é sério. Declamo poemas, invento paródias, cantoriazinha de renovo. Vamos à cozinha;  preparo hambúrguer de soja  ela corta  abobrinha pro  refogo. O arroz fica pronto, a alface lavada, o amor e os sonhos se misturando num céu de futuro.  Vai chegar um dia que a ausência dela vai encaracolar ainda mais meus cabelos desgrenhados, vai fazer do meu coração mil cacimbas de saudade, vai cavar meus olhos até desbotarem com a água salobra que a chuva não faz.
Aí, aí viu?
Mãe cativa, manquitola, querendo prender o tempo numa fragrância encantada, para quando precisar do invisível encontrá-lo na brandura de todas as  razões. ..
Especialmente na flor pro cabelo adormecida sobre a banqueta do quarto ou do abajur da sala.